A LUTA
CONTRA A REBELIÃO E A DESAGREGAÇÃO NA IGREJA
A rebelião é
como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos
do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a
ti". 1 Sm 15.23
Os
princípios de autoridade e submissão ao Todo-Poderoso e aos superiores humanos
são os alicerces mais importantes da edificação cristã.
Nm 16.1 Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho
de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de
Pelete, filhos de Rúben,
Nm 16.2 Levantaram-se perante Moisés com duzentos
e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, eleitos por
ela, varões de renome,
Nm 16.3 E se ajuntaram contra Moisés e contra Arão
e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é
santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a
congregação do Senhor?
Nm
16.30 Mas, se o Senhor criar alguma
coisa inaudita, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e
vivos descerem ao abismo, então, conhecereis que estes homens desprezaram o
Senhor.
Nm
16.31 E aconteceu que, acabando ele de
falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu.
Caim, Balaão e Corá
A lição 07 é
um alerta para não seguirmos o caminho de Caim, que sentiu ódio contra seu
irmão (Gn 4.3-8), nem o exemplo de Balaão, que agiu com ganância, avareza e
imoralidade (Nm 22.1-35), nem a rebeldia de Corá, que se insurgiu contra a
autoridade de Moisés como seu líder e pastor (Nm 16.1-35). O orgulho (que fez
Caim rejeitar a soberania e os planos de Deus), a ganância (que levou ao
profeta Balaão se tornar um mercenário), e a rebelião (que levou Corá se tornar
um inimigo de Moisés) podem, ainda hoje, destruir muitas pessoas que não se
arrependem de males que causam ao reino de Deus.
Caim
O ódio faz o
homicida, e nenhum homicida tem parte no Reino de Deus.
"Porque
esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos
outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa
o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas" (1Jo
3.11,12).
Qual a
origem da violência no mundo? Que personagem bíblica cometeu o primeiro
assassinato da história da humanidade? O que teria motivado tal homicídio? Por
mais estranho que pareça, este lastimável episódio foi determinado pelo ódio
religioso.
Este fato
revela o primeiro conflito entre fé e incredulidade. A raça humana a partir daí
dividiu-se, e está dividida até hoje.
Caim não se
saíra bem em sua vida espiritual: sua oferta não fora aceita pelo Criador. Ele
pouco ou nenhum valor atribuía a forma correta de sacrificar e adorar ao
Senhor. O primogênito de Adão não sabia que Deus não se importava tanto com as
formalidades e nem com o tipo de oferta, mas considerava principalmente as
intenções do coração.
Dominado por
súbita explosão de cólera, a despeito das oportunidades que teve de redimir-se
e aceitar o caminho da verdadeira adoração, Caim lançou-se covardemente sobre
seu próprio irmão e o matou.
Não tem sido
essa a atitude do homem decaído em relação a seus semelhantes quando
entorpecido de inveja e ódio? Poderiam esses maléficos sentimentos invadir o
coração dos membros da família de Deus? "Ai deles !", é a expressão
que o apóstolo Judas usou para evidenciar a seriedade do juízo divino contra os
que derramam sangue inocente.
O que é mais
importante para Deus: as ofertas em si ou as intenções do coração dos
ofertantes?
Não são
poucos os homens, mulheres, adolescentes e até crianças que, deixando-se
contaminar pela inveja e pelo ódio, estão a trilhar o caminho de Caim. Mas, a
advertência do apóstolo Judas, não deixa esperar: "Ai deles! Porque
entraram pelo caminho de Caim".
O QUE É O CAMINHO DE CAIM
Com o
nascimento de seu primogênito, ofereceu Eva um sacrifício de louvor e gratidão
a Deus: "Alcancei do Senhor um varão" (Gn 4.1). Ela recebia a criança
como prova de que a sua iniqüidade fora perdoada. Talvez até tivesse
conjecturado estar ali, em seus braços, aquEle que viria a esmagar a cabeça da
serpente.
Como nossa
bondosa mãe estava enganada! Aquele bebezinho, cujo nome significava adquirido ou
esperado, viria a esmagar não a cabeça da serpente, mas a do próprio irmão.
Tudo começou
quando ambos resolveram apresentar as primícias de seu trabalho ao Senhor.
1. A oferta
de Caim. Pensam alguns comentaristas que o Senhor rejeitou a oferta de Caim por
ter sido esta uma oferenda vegetal e não cruenta como a de Abel. O Senhor,
porém, jamais olhou para a espécie de oferta, mas sempre atenta para a
qualidade do ofertante (Sl 51.16,17). Além disso, na Festa das
Primícias(Celebração israelita, quando eram oferecidos ao Senhor os primeiros
grãos colhidos. Reconhecimento público da provisão divina. Comemorada a 16 de
nisã (março-abril), mais tarde, passou a ser chamada Pentecostes.), requeria
Jeová, dos filhos de Israel, os frutos da terra e não os primogênitos dos
animais (Ex 34.22).
Eis o que o
Senhor diz a Caim ao ver-lhe descaído o semblante: "Se bem fizeres, não
haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para
ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás" (Gn 4.7). Tivesse Caim
subjugado o seu ódio, não somente seria aceita a sua oferta como ele próprio
tornar-se-ia aceitável diante de Deus. Mas, agora, ainda que viesse ele a
oferecer sacrifícios de sangue, far-se-ia abominável diante do Eterno (Is
66.3).
2. O
primeiro homicídio. Já tomado pela inveja e por um ódio incontrolável, Caim
matou traiçoeiramente a Abel: "E falou Caim com o seu irmão Abel; e
sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e
o matou" (Gn 4.8).
O primeiro
assassinato teve como cenário o campo que, desde aquela época, vem sendo
marcado por violentas e inexplicáveis lutas. Todavia, o motivo para tantas
mortes não é propriamente a posse da terra, e sim o ódio que Caim ainda não
conseguiu controlar.
Infelizmente,
até mesmo por um campo ministerial há obreiros dispostos a matar a seu irmão.
Esquecem-se de que a Seara é do Senhor e não deles. Muito cuidado! O sangue de
Abel está a clamar aos ouvidos de Deus.
Você odeia a
seu irmão? Já não lhe consegue falar benignamente? Dobre os joelhos agora
mesmo, a fim de que o Senhor Jesus, através de seu sangue, limpe-lhe o coração
de toda a ira. Caso contrário: será marcado para sempre com o estigma do
assassino.
3. O caminho
de Caim. O caminho de Caim, por conseguinte, é a alternativa gerada pelo
desamor, pela incompreensão e pela intolerância. É a inveja que leva ao ódio; é
o ódio que induz ao homicídio.
A MARCA DE CAIM
Segundo
alguns etimologistas, a palavra assassino provém do vocábulo haxixe. Esta era a
erva que os matadores profissionais da antiga China usavam para executar a sua
missão. Entorpecidos já pelo estupefaciente, tiravam a vida de seus semelhantes
sem ligarem importância alguma aos seus atos.
Assim agiu
Caim. Embriagado pelo ódio e tendo por entorpecente a inveja, matou ele a Abel,
seu irmão. E, inquirido por Deus, saiu-se com uma evasiva que, ainda hoje,
acha-se até mesmos nos lábios de muitos que se dizem servos de Deus.
1. A
desculpa de Caim. Foi esta a resposta que Caim deu ao Senhor, quando o Justo
Juiz lhe inquiriu acerca de Abel: "Não sei; sou eu guardador do meu
irmão?" (Gn 4.9). Em hebraico, a expressão traduzida por guardador -
shamer - é bastante significativa; evoca, entre outras coisas, os seguintes
substantivos: guarda, protetor, mantenedor e reverenciador. Tudo isso deveria
ser Caim em relação a Abel. Mas deste não passava agora de um desalmado algoz.
Você tem
protegido a seu irmão? Tem-no ajudado em seus apertos e tribulações? Ou tem-no
matado, pouco a pouco, com o seu ódio, inveja e incompreensões? Não se esqueça:
você é o guardador de seu irmão. Tal incumbência é pessoal e intransferível.
2. A marca
de Caim. De repente, percebe o assassino quão vulnerável tornara-se ao matar a
seu irmão. Daquele momento em diante, qualquer pessoa achar-se-ia no direito de
vingar o sangue de Abel. A fim de evitar que isso viesse a acontecer, pois a
lei do dente por dente e olho por olho não havia sido ainda decretada, o Senhor
faz um sinal em Caim para que a sua vida fosse poupada.
Que sinal
era este? Não o sabemos. A Bíblia limita-se a descrever: "E pôs o SENHOR
um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse" (Gn
4.15). Em hebraico, a palavra usada para sinal é oth que, entre outras coisas,
denota: marca, indício, estandarte e até milagre. Ali estava a marca do homicida;
o indício de que um crime fora praticado; o estandarte do sangue inocente e a
mensagem dramática de um Deus que, conquanto vingue os justos, tudo faz por
levar o culpado ao arrependimento.
3. O
primeiro código penal da história. O sinal que o Senhor Deus imprimiu em Caim
funcionou como um admirável e sintético código penal. Todos os que para ele
olhassem, conscientizar-se-iam de que nenhum crime haverá de ficar impune
diante de Deus.
A CIVILIZAÇÃO DE CAIM
Fugindo da
presença do Senhor, imigrou Caim para a região de Node, onde fundou uma cidade
a qual deu o nome de seu filho, Enoque. Tinha começo ali, bem ao oriente do
Éden, uma civilização que, embora brilhante, seria marcada pela violência e por
um materialismo extremado (Gn 4.16-26).
1. Avanço
tecnológico. Tubalcaim fez-se notório por dominar a técnica metalúrgica (Gn
4.22). Sem dúvida alguma, foi ele também o primeiro armeiro da história. Logo a
seguir, temos o cântico da espada que seria entoado por seu pai, Lameque.
2. O cântico
da espada. Certo dia, o bígamo Lameque conclama suas esposas, e recita-lhes um
poema que ficaria conhecido como o cântico da espada: "Ada e Zilá, ouvi a
minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu matei um
varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar. Porque sete vezes Caim será
vingado; mas Lameque, setenta vezes sete" (Gn 4.23,24).
Desde Caim o
mundo continua o mesmo. A cada assassinato, entoa-se o cântico de Lameque. Haja
vista as músicas de rock e funk que incitam os jovens às drogas e à violência.
O mandamento divino, porém, é: "Amai-vos uns aos outros".
Só há um
caminho para se fugir ao caminho de Caim: Amar ao próximo como a si mesmo. Esta
é a Lei e os Profetas. Quem não ama ao semelhante jamais poderá viver como
discípulo de Nosso Senhor.
Você ama a
seu irmão? Ou está pronto a executá-lo como o fez Caim? Não se deixe levar pela
inveja nem pelo ódio. Curve-se diante de Deus, e considere a todos como
superiores a si. E você verá como o amor de Deus será derramado em seu coração.
Balaão
"Os quais,
deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de
Beor, que amou o prêmio da injustiça" (2Pe 2.15).
Quem se põe
a comercializar as coisas de Deus só terá um prêmio a receber: a maldição
eterna no lago de fogo.
Em que
consistiu a "iniqüidade de Balaão"? Não era ele um professo adorador
de Jeová? Que prêmio seria suficientemente tentador para desviá-lo do
Todo-Poderoso e motivá-lo a amaldiçoar os escolhidos de Deus?
Por não
poder amaldiçoar a Israel, Balaão tentou corrompê-lo, levando os hebreus a
adotarem idéias pagãs, envolverem-se com mulheres moabitas e mergulharem na
idolatria e em seus vícios.
Judas em sua
epístola advertiu aos crentes a que não caíssem no engodo dos falsos obreiros
que, seguindo a doutrina de Balaão, intentavam unir a Igreja de Cristo ao
paganismo, conduzindo-a à imoralidade e desonra.
Balaão, o
"profeta do erro", legou à posteridade um péssimo exemplo de
apostasia, corrupção e mercenarismo. Abdicando da verdade, santidade e justiça,
prerrogativas que bem caracterizam os profetas de Deus, cedeu à tentação do
sucesso e do lucro material, fazendo Israel envolver-se no culto idólatra dos
moabitas e em suas práticas imorais.
Desde então,
Balaão passou a ser símbolo dos falsos mestres, que fazem de tudo para desencaminhar
e corromper espiritual e moralmente o povo de Deus.
Quem é o
apóstata? É aquele que, embora convencido da veracidade das Sagradas
Escrituras, não hesita em torcê-la, desde que isso lhe traga ganhos e
notoriedade. E como já vendeu a própria alma ao Diabo, não tem nenhum escrúpulo
em comerciar com as almas dos santos.
Veremos que
prêmio recebeu esse obreiro mercenário, que Judas escolheu para tipificar todos
os que desprezam as coisas divinas, e porfiam em buscar as terrenas e
perecíveis.
QUEM FOI
BALAÃO
Apesar de
estrangeiro, possuía Balaão um conhecimento privilegiado de Deus. Era tido
inclusive como profeta. Todos lhe procuravam o conselho, pois dominava, e bem,
a arte de amaldiçoar (Nm 23.11). Não sabemos se ele sabia abençoar, pois a
maldição era a sua ciência predileta. Segundo consta, era originário da
Mesopotâmia (Dt 23.4).
Tivera ele
buscado a justiça e a piedade, estaria no rol daqueles gentios destacados no
Sagrado Livro. Refiro-me a Melquisedeque, a Jó, ao mancebo Eliú e a Jetro.
Infelizmente, preferiu ele o prêmio da impiedade. Hoje é lembrado não como
profeta de Deus, mas como um mero e cobiçoso adivinho (Js 13.22).
A DOUTRINA DE BALAÃO
O pastor
John H. Sailhamer afirmou que Balaão foi à procura de ganhos pessoais não se
importando com a destruição da Obra de Deus. Era ele um negociante que não
conhecia escrúpulos; não ligava importância quer à ética pessoal, quer à
postura ministerial. Era um obreiro que gostava de levar vantagem em tudo.
1. Ele sabia
que não se pode amaldiçoar o povo de Deus. Como amaldiçoar a Israel, se Israel
era o objeto de todas as bênçãos de Deus? Balaão o sabia muito bem (Nm 24.10).
Todavia, preferiu namorar o prêmio de Balaque .
Se tu,
obreiro, não queres te corromper como Balaão, foge dos homens corruptos. Se com
os corruptos ficares, corrompido tornar-te-ás (2Tm 3.5).
2. Ele sabia
que Israel era povo de Deus. Haja vista as profecias que enunciou ao presenciar
o arraial hebreu. Leia com atenção o capitulo 24 de Números.
Não são
poucos os obreiros e teólogos que, apesar de terem uma clara visão da Igreja
como povo de Deus, induzem-na ao mundanismo e à frialdade espiritual, pois
somente assim poderão conquistar o prêmio de Balaão. Sabem eles muito bem que
jamais poderão corromper uma igreja avivada, por isso lutam por tirar da igreja
todo o avivamento. Mas o que eles não sabem é que o Senhor Jesus zela por sua
amada, e por sua amada há de batalhar até às últimas consequências.
3. Ele sabia
usar a teologia para corromper. Nunca se criou tantas teologias e modismos para
se corromper o povo de Deus. É a teologia da prosperidade. É a confissão
positiva. É a profissionalização do ministério. É a adoção dos costumes
mundanos. É a glorificação da injustiça. E o que mais direi? Sofismando os mais
caros enunciados bíblicos e teológicos, os tais obreiros lançam tropeços diante
dos filhos de Deus.
Assim agiu
Balaão. Como não pudesse amaldiçoar a Israel, tornou Israel objeto da maldição
de Deus. O que fez ele? O próprio Cristo discorre sobre as proezas teológicas
do profeta mercenário, corrupto e corruptor: "Mas umas poucas coisas tenho
contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava
Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos
sacrifícios da idolatria e se prostituíssem" (Ap 2.14).
Devidamente
instruído por ele, Balaque introduziu mulheres pagãs e desavergonhadas no
arraial dos israelitas, induzindo-os a comerem comidas sacrificadas aos ídolos
e a se prostituírem.
Assim agem
os obreiros fraudulentos. Corrompem sutilmente os santos, a fim de lhes roubar
os haveres e de lhes arrebatar as almas. O que mais almejam é o prêmio de
Balaão.
O PRÊMIO DE
BALAÃO
O prêmio de
Balaão pode ser definido como o galardão daqueles obreiros que, além de se
corromperem, fazem de tudo por corromper a Palavra de Deus e a Igreja de
Cristo. Os que assim agem, afirma o comentarista inglês Mattew Henry, em nada
diferem dos três mais notáveis criminosos do Antigo Testamento: Caim, Coré e o
próprio Balaão.
Acerca
destes, brada o apóstolo Judas: "Ai deles! Porque... foram levados pelo
engano do prêmio de Balaão" (Jd 11). A expressão engano, no original
grego, denota um indivíduo errante e desviado, que jamais conseguirá achar-se.
E o substantivo prêmio - misthós - refere-se a uma recompensa, salário ou
pagamento. A palavra é usada para descrever o mercenário que, em busca de seu
prêmio, torce a Palavra de Deus e deixa-se corromper no ministério cristão.]
É claro que
o obreiro é digno de seu salário (Lc 10.7, 2Tm 2.15). Todavia não podemos fazer
comércio do povo de Deus (2Pe 2.3), nem agir por torpe ganância (1Tm 3.3). Eis
o que recomenda Paulo: "Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na
doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade" (Tt 2.7).
A sedução do
obreiro começa quando, premido pelas circunstâncias, já não fala o que a igreja
precisa ouvir, mas o que determinados grupos querem escutar. Ele já não zela
pela sã doutrina; está mais interessado em agradar aos poderosos do que ao
Todo-Poderoso.
O obreiro se
deixa seduzir quando vende a consciência para angariar os bens que aqui
terminam e aqui se acabam. Lembra-te, porém, querido obreiro: não foste chamado
para seres um homem do povo, mas um provado e legitimado homem de Deus. Não te
deixes corromper pelo ouro de Balaque. Jamais coloques tropeço diante dos
santos; os maus obreiros não ficarão impunes. O Deus que agiu no Antigo Testamento
continua ativo e vigilante. Ele não tosqueneja.
Como está a
nossa consciência? Tentados pelos prêmios deste mundo, respondamos como Daniel
diante do oferecimento do corrompido Belsazar: "As tuas dádivas fiquem
contigo, e dá os teus presentes a outro" (Dn 4.17).
"Os
israelitas, na fase final de sua viagem à Terra Prometida, circundando Moabe,
acamparam-se no vale do Jordão, defronte a Jericó. Desse lugar, movimentaram-se
rumo ao norte, e conquistaram Seom, rei dos amorreus, em Gileade; e Ogue, rei
de Basã. O rei Balaque, de Moabe, ao assistir toda essa movimentação, teve o
bom senso para perceber que Israel obtinha suas vitórias não por causa de seus
exércitos, mas porque Deus os abençoava, conduzindo-os de triunfo em triunfo.
Balaque temia que Moabe fosse a próxima conquista de Israel. Mas os seus
temores eram infundados, porque Deus havia instruído a Israel que o deixasse em
paz (Dt 2.9). Como Balaque não sabia disso, resolveu lutar contra Israel.
Todavia, como vencer o povo de Deus ? Havia somente um jeito. Encontrar alguém
que pudesse desviar os favores divinos de Israel. Assim, ordenou que trouxessem
do Eufrates a Balaão. Em seguida, exigiu que o profeta amaldiçoasse o arraial
hebreu. Através da jumenta, porém, o Senhor advertiu a Balaão que o não fizesse
(Nm 22.35).
Embora
dissesse ser Yahweh o seu Deus (Nm 22.18), ele demonstrou ser ainda levado por
atitudes pagãs. Pois instruiu a Balaque a oferecer vários sacrifícios, em
lugares predeterminados, como o faziam os idólatras. O que ele buscava, desde o
início, era de fato forçar a Deus a amaldiçoar a Israel. Mas, ao invés de
amaldiçoar os israelitas, o Senhor os abençoou ainda mais.
Corá
"Porque
a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e
idolatria" (1Sm 15.23).
De que maneira
vocês gostariam de ser lembrados em relação a obra de Deus? Como obreiros
diligentes e abençoados ou como tropeços e causadores de dissidências?
Corá, que
era levita, não é lembrado por seus préstimos à liturgia do tabernáculo ou ao
ensino da lei do Senhor, mas por sua rebeldia contra Moisés e o próprio Deus.
Invejoso por Moisés ter sido escolhido por Deus para liderar o povo, Corá
pôs-se a criticá-lo e levantou um grupo para apoiar sua revolta, dificultando a
liderança do servo de Deus.
Ainda hoje
há obreiros que se enveredam pelo caminho de Corá. Eles se esquecem de que Deus
não aceita o trabalho de quem é insubmisso aos seus reais representantes.
Corá foi
punido por sua rebeldia, e com ele todos os seus seguidores.
O inspirado
comentarista norte-americano, Warren Wiersbe, assim discorre acerca da rebelião
de Corá, Datã e Abirão: "Os que imitam a Corá estão a desafiar a Palavra
de Deus e aos ministros por ele constituído".
Infelizmente,
o pecado de Corá não pereceu com Corá. Muitos têm sido os imitadores do
rebelado obreiro. Lembra-se de Abimeleque? Do jovem Absalão? E de Alexandre, o
latoeiro? Eles todos imitaram a Corá, que era, por seu turno, um perfeito
imitador do Diabo.
Vejamos como
o apóstolo Judas usa a imagem de Corá a fim de retratar os que se rebelam
contra Deus e contra os seus ministros.
QUEM ERA
CORÁ
Corá era um
obreiro que tinha tudo para dar certo. Pertencia a tribo de Levi; possuía uma
subsistência vitalícia e, por todos os seus irmãos, era ele honrado. Além
disso, achava-se entre a nobreza de Israel.
Só havia um
problema com Corá; não tinha a cabeça no lugar. Assemelhava-se a muitos
obreiros que, de ministério em ministério e de convenção em convenção, vivem a
causar divisões e cismas na Obra de Deus.
Tivesse ele
mais paciência e humildade, receberia certamente uma elevada honra na Casa de
Levi. Infelizmente, Corá era um obreiro mui pretensioso; achava que o mundo
girava em torno de si.
A
CONTRADIÇÃO DE CORÁ
O capitulo
16 de Números revela-nos ter sido Corá um obreiro que era a mesma pretensão.
Vejamos até onde chegavam o orgulho, a vaidade e as demandas desse obreiro.
1. Seu
orgulho espiritual. Corá era do tipo de obreiro que se orgulhava de ser
humilde. Eis o que disse a Moisés: "Demais é já; pois que toda a
congregação é santa, todos eles são santos, e o SENHOR está no meio deles; por
que, pois, vos elevais sobre a congregação do SENHOR?" (Nm 16.3).
Atrás de
todo esse vocabulário piedoso, havia um irreprimível espírito de rebeldia. Nas
entrelinhas, estava Corá a dizer que, já que toda a congregação era santa, por
que precisaria de um pastor?
Lembra-se
daqueles crentes de Corinto que, batendo no peito, afirmavam ser apenas de
Jesus? São os piores. Pelo menos os que se diziam de Paulo, a Paulo obedeciam;
os que diziam ser de Cefas, a Cefas se curvavam. Mas os que afirmavam pertencer
apenas a Jesus, implicitamente declaravam que, para eles, não havia pastor, nem
presbítero, nem diácono. Não aceitavam nenhum líder. Eles parecem espirituais e
até santos, mas os seus frutos mostram que, na verdade, são soberbos,
desobediente e rebeldes.
O inconformismo de Corá. Corá era do tipo de
obreiro que jamais se conformou com o cargo que lhe confiara o Senhor. Não lhe
bastava o sacerdócio; queria o lugar de Aarão. Aliás, já exigia o posto de
Moisés.
Infelizmente,
não são poucos os obreiros que vem imitando a Corá. Se diáconos, não se
preocupam em servir; cobiçam o presbiterado. Já presbíteros, almejam a cadeira
do pastor. Todavia, não servem, nem consolam nem pastoreiam. Buscam uma glória
que, definitivamente, de nada lhes aproveita.
Ao
pretensioso e inconformado Corá, exorta Moisés: "Porventura, pouco para
vós é que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel para vos fazer
chegar a si, a administrar o ministério do tabernáculo do SENHOR e estar
perante a congregação para ministrar-lhe?" (Nm 16.9).
Do Senhor,
querido obreiro, tens recebido as maiores honras e deferências. Por isso, não
te deixes levar pelas revoltas. Agradece a Deus pelo ministério que Ele te
confiou.
3. A
desobediência de Corá. Além de orgulhoso e inconformado, o bando de Corá era
desobediente. Quando Moisés convocou a Datã e a Abirão para uma reunião de
prestação de contas, responderam eles: "Não subiremos" (Nm 16.13).
Como é
difícil lidar com o desobediente! Ele não obedece a ninguém. Prestar contas?
Nem pensar. Todavia, o obreiro que tem o hábito de prestar contas à sua
convenção, ao seu pastor-presidente, ao seu ministério, à sua igreja e à sua
família, jamais cairá em certas contradições e pecados.
4. A
contradição de Corá. Diz Judas que Corá pereceu em sua própria contradição. Em
grego, antilogía. O vocábulo não significa apenas contradição, mas também
controvérsia. Isto significa que Corá vivia para criar controvérsia entre o
povo de Deus. E as suas controvérsias acabaram por criar toda uma congregação
de rebeldes.
A
CONGREGAÇÃO DOS REBELDES
Diz o texto
sagrado que Corá e o seu bando congregaram-se contra Moisés (Nm 16.3). Em tudo
pareciam uma igreja bem constituída. Achavam-se organizados, possuíam um guia,
faziam uso de um vocabulário místico e ostensivamente professavam o nome de
Deus. Todavia, não passavam de uma congregação de rebeldes.
Temos de
estar bem atentos aos que se congregam para se rebelarem contra a Obra de Deus.
1. O rancho
dos profetas. Não são poucos os profetas que se reúnem para jogar a igreja
contra o seu pastor e o pastor contra o ministério. Brincando com o nome de
Deus e abusando dos dons espirituais, destroem lares e reputações. Parecem
ovelhas, mas não passam de lobos; dilapidam o patrimônio dos santos e o tesouro
da igreja.
Se você tem
algum problema, não saia por aí à cata de profecias. Fale com o seu pastor. Se
Deus lhe tem alguma palavra profética, esta certamente virá. Consulte a Bíblia
- a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus.
Quanto aos que detém o dom profético, que se
conscientizem: 1) O dom não lhes pertence, é uma dádiva divina; 2) A direção da
igreja não foi confiada aos que receberam os dons espirituais, mas aos que o
Senhor confiou os dons ministeriais (Ef 4.8-11); 3) Insurgir-se contra o pastor
da igreja e seu ministério significa rebeldia; é um pecado tão grave quanto o
de feitiçaria (1Sm 15.23), Pr. Magel