ANGELOLOGIA
Ao nosso
redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos superiores ao nosso
mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso meio, de um lugar para o outro,
com grande rapidez e movimentos imperceptíveis.
Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar, outros,
porém, estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se
existem realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se encontram e o que
fazem.
A palavra de
Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que possui respostas
para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de seres superiores
ao homem. Esses seres habitam nos céus e formam os exércitos celestiais, a
inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os anjos de Deus,
os quais estão sujeitos ao governo divino, e o importante papel que têm
desempenhado na história da humanidade torna-os merecedores de referência
especial. Existem também aqueles, pertencentes a mesma classe de seres, que
anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em atitude de
rebelião contra seu governo.
A doutrina
dos anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são
fundamentalmente
os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permite-nos conhecer a
origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e destino dos anjos.
A doutrina
dos anjos é fundamentalmente o estudo dos ministros da providência de Deus (são
os agentes especiais de Deus). Como em toda doutrina, há uma negligência muito grande
desta, nas igrejas e entre os teólogos, que chega a ser verdadeira rejeição. Considerado
pelos estudiosos contemporâneos como a mais notável e difícil das matérias, por
isso tem sido marco da implantação de grandes seitas e heresias, do mundo
atual.
Três
aspectos de negligência desta doutrina:
Primeiro -
Desde o princípio do cristianismo, os gnósticos prestavam adoração aos anjos
(Cl 2.18); depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de
bruxarias envolvendo culto aos anjos, e agora em nossos dias, os estudos
cabalísticos personalizados no meio esotérico e místico, ensinam novamente o
culto aos anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos.
Sabendo que
antes de tudo, a existência e ministério dos anjos são fartamente ensinados nas
Escrituras, por isso, não podemos negligenciar os ensinamentos sagrados.
Segundo - A
evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma veemente em
nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a grande
idolatria
que considerava adoração a demônios (1Co 10.19-21). Nos últimos dias, esta
adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante (Ap 9.20-21).
A
negligência deixa de existir para dar lugar à um crescente pensamento sobre o
assunto, especialmente do lado do mal. Não podemos negligenciar tal doutrina.
Terceiro- A
prática acentuada do espiritismo que crescerá assustadoramente nos últimos dias, conduzindo homens,
mulheres e crianças a profundos caminhos de trevas e cegueira espiritual (1Tm
4.1-2).
E ainda a
obra de satanás e dos espíritos maléficos, atrapalhando o progresso da graça em
nossos próprios corações e a obra de Deus no mundo (Ef 6.12).
Deveríamos
querer saber mais e mais dos ensinamentos sagrados para podermos estar firmes
contra as astutas ciladas deste inimigo derrotado, Satanás, o anjo caído (Rm
16.20; Ap 12.7-9; 20.1-10).
I - DOUTRINA
SECULAR ACERCA DOS ANJOS
Histórias
nas sociedades
Histórias
seculares, histórias religiosas e a arqueologia mostram que quase todas as culturas
do mundo aceitam a existência de seres sobrenaturais. Muitas sociedades não faziam
nenhuma distinção entre seres bons e maus. Os egípcios antigos acreditavam que seres
sobrenaturais controlavam todas as fases da vida. O mesmo acontecia na Pérsia, Babilônia
e Índia. Apesar de ser uma cultura inteiramente voltada para a filosofia e ideias
humanísticas, os gregos antigos acreditavam em espíritos, e a adoração dos
mesmos fazia parte de sua vida diária.
Os romanos
absorveram grande parte de outras religiões em sua própria, isto é, eles faziam
isso quando as outras religiões eram politeístas. Eles simplesmente
acrescentavam deuses ao seu panteão. Geddes MacGregor escreveu no seu livro
(Anjos, Ministros da Graça): “...da Escandinávia ao Irã, da Irlanda à América
do Sul, o folclore popular é repleto de alusões a espíritos tão
elementares...que foram trazidos do folclore antigo dos celtas, escandinavos, teutônicos
e outras culturas”. Mesmo nas culturas mais orientais, como da China, Japão e Coréia,
anjos e/ou demônios eram parte integrante de suas religiões, embora muitas
vezes esses seres fossem chamados deuses. No extremo oriente, os espíritos eram
considerados como seres humanos mortos resultando na adoração de ancestrais e
mesmo na adoração direta a anjos ou
demônios.
Certo teólogo, de nome Alexander Hislop, fez
um trabalho monumental no final do século XVIII ao traçar conexões entre todas
as religiões antigas. Ele comparou a crença e adoração de seres sobrenaturais
de nação em nação e de religião em religião. Seu relatório dá maior evidência
ao fato de que algo aconteceu em algum lugar nos tempos antigos envolvendo o relacionamento entre os reinos natural e
sobrenatural. O que quer que tenha sido, ainda influencia muitas pessoas em
nossos dias. considerados como seres humanos mortos resultando na adoração de
ancestrais e
mesmo na adoração direta a anjos ou demônios.
Certo
teólogo, de nome Alexander Hislop, fez um trabalho monumental no final do
século XVIII
ao traçar conexões entre todas as religiões antigas. Ele comparou a crença e
adoração de seres sobrenaturais de nação em nação e de religião em religião.
Seu relatório dá maior evidência ao fato de que algo aconteceu em algum lugar
nos tempos antigos envolvendo o relacionamento entre os reinos natural e
sobrenatural. O que quer que tenha sido, ainda influencia muitas pessoas em
nossos dias.
OS ANJOS NO
DECURSO DA HISTÓRIA
Nas
tradições pagãs (algumas das quais influenciaram os judeus de tempos posteriores),
os anjos eram, às vezes, considerados divinos, e outras vezes, fenômenos
naturais. Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas, ou eram as
próprias pessoas que praticavam o bem; tal confusão está refletida no fato de
que tanto a palavra hebraica “mal'ãkh”, quanto a grega “angelos” têm dois sentidos.
O significado básico de cada uma delas é “mensageiro”. Mas este mensageiro,
(dependendo do contexto) pode ser um mensageiro humano comum,
ou um
mensageiro celestial, um anjo.
Alguns, com
base na teoria da evolução, fazem a idéia de anjos remontar ao início da
civilização. “O conceito de anjos pode ter evoluído dos tempos pré- históricos
quando, então, os seres humanos primitivos emergiram das cavernas e começaram a
erguer os olhos aos céus... A voz de Deus já não era a rosnada da floresta, mas
o estrondo do céu”. Segundo essa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos
que servissem à humanidade como mediadores de Deus. O conhecimento genuíno dos
anjos, no entanto, veio somente através da Revelação Divina.
NA VISÃO DA
MITOLOGIA
Posteriormente,
os assírios e os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes
tinha asas nos calcanhares. Eros, “o espírito voador do amor apaixonado”, tinha
asas afixadas aos ombros.
Num tom
bastante divertido, os romanos inventaram Cupido, “o deus do amor erótico”,
retratado como um garoto brincalhão que atirava flechas invisíveis para
encorajar romances. Platão ( cerca de
427- 347 a.C.) também falava de “anjos da guarda”. As Escrituras Hebraicas
atribuem nomes a somente dois anjos: Gabriel, que iluminou o entendimento de
Daniel (Dn 9.21-27), e o arcanjo Miguel, o protetor de Israel (Dn 12.1).O livro
apócrifo de Tobias (200-250 a.C.), porém, inventou um arcanjo chamado Rafael
que, repetidas vezes, ajudou Tobias em situações difíceis. Realmente, só existe
um arcanjo (anjo principal), que é Miguel (Jd 9). Mais tarde, Filo (20 a. C. à
42 d.C.), o filósofo judaico de Alexandria, no Egito, retratou os anjos como mediadores
entre Deus e a raça humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nos
ares como “os servos dos poderes de Deus. Eram almas incorpóreas sendo
totalmente inteligentes em tudo e possuindo pensamentos puros”.
NOS
PRIMEIROS SÉCULOS DO CRISTIANISMO
Durante o
período do Novo Testamento, os fariseus acreditavam que os anjos fossem seres
sobrenaturais que, frequentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8). Os
saduceus, todavia, influenciados pela filosofia grega, diziam: “não há
ressurreição, nem anjo, nem espírito” (At 23.8). Para eles, os anjos não
passavam de “bons pensamentos e intenções” do coração humano.
Nos
primeiros séculos depois de Cristo, os pais da igreja pouco disseram a
respeito dos
anjos. A maior parte de sua atenção era dedicada a outros
assuntos
referente à natureza de Cristo. Mesmo assim, todos eles acreditavam
na
existência dos anjos.
a) Inácio de Antioquia, um dos primeiros pais da igreja,
acreditava que a
salvação dos anjos dependia do sangue de Cristo;
b) Orígenes (182 - 251 d.C.) declarou a impecabilidade dos anjos,
afirmando que,
se foi possível a queda de um anjo, talvez
seja possível a salvação de um demônio.
Semelhante posicionamento acabou por ser rejeitado pelos concílios
eclesiásticos;
c) Já em 400 d.C., Jerônimo (347 - 420 d.C.) acreditava que anjos
da guarda
eram dados aos seres
humanos quando do nascimento destes;
d) Posteriormente, Pedro Lombardo (100 - 160 d.C.) acrescentou que
um
único anjo podia
guardar muitas pessoas de uma só vez;
e) Dionísio, o Areopagita, (500 d.C.) contribuiu notavelmente para
o estudo dos
anjos. Ele retratou o
anjo como “uma imagem de Deus, uma manifestação da
luz oculta, um espelho
puro, brilhante, sem defeito, nem impureza, ou mancha”
f)
Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes (130- 195 d.C.),também construiu hipóteses a respeito de uma hierarquia
angelical;
g) Depois,
Gregório Magno (540-604 d.C.) atribuiu aos anjos corpos celestiais. 1.5
Perguntas sem respostas
Ao raiar do
século XIII, os anjos passaram a ser assunto de muita especulação.
O teólogo
italiano Tomás de Aquino (1.225 - 1.274 d.C.) formulou perguntas mui
relevantes a
respeito. Sete das suas 118 conjeturas sondavam as seguintes áreas:
a) De que se compõe o corpo de um anjo? Há mais de uma espécie de
anjo?
b) Quando os anjos assumem a forma humana, exercem funções vitais
do corpo?
c) Os anjos sabem quando é manhã e quando é entardecer?
d) Conseguem entender muitos pensamentos ao mesmo tempo?
e) Conhecem nossas intenções secretas?
f) Têm capacidade de falar uns com os outros?
PINTADOS E
CULTUADOS
Mais
descritivos foram os retratos pintados pelos renascentistas; representavam os anjos
como “figuras varonis ... crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes
de Miguel, o arcanjo. Retratos pintados com péssimo gosto como “cupidinhos
gorduchinhos”, com muito colesterol, vestidos com pouca roupa, estrategicamente
colocados, essas criaturas eram frequentemente usadas como friso artístico. O
cristianismo medieval assimilou a massa de especulações, e, como consequência,
começou a incluir a adoração aos anjos em suas liturgias, essa aberração
continuou crescendo, levando o Papa Clemente X (1670 - 1676 d.C.)
a decretar uma festa em homenagem aos anjos.
CALVINO E
LUTERO
A despeito
dos excessos católicos romanos, o Cristianismo Reformado continuou a ensinar
que os anjos ajudam o povo de Deus. a) João Calvino (1509 - 1564 d.C.)
acreditava que “os anjos são despenseiros e administradores da beneficência de
Deus para conosco... Mantêm a vigília, visando a nossa segurança; tomam a seu
encargo a nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e zelam para que nenhum mal
nos aconteça”. b) Martinho Lutero (1483 - 1546 d.C.) em “Conversas à Mesa”,
falou em termos semelhantes. Observou como esses seres espirituais, criados por
Deus,
servem à
Igreja e ao Reino. Eles ficam mui perto de Deus e do cristão. “Estão em pé
diante da face do Pai, perto do sol, mas sem esforço vêm rapidamente socorrer-
nos”.
PÓS-REFORMA
Na Era do
Racionalismo (cerca de 1800 d.C.), surgiram graves dúvidas contra a existência
do sobrenatural; os ensinamentos historicamente aceitos pela Igreja começaram a
ser reexaminados. Como conseqüência, alguns céticos resolveram chamar os anjos
“personificações de energias divinas, ou princípios bons e maus, ou doenças e
influências naturais”. Já em 1918, alguns eruditos judaicos começaram a ecoar a
voz liberal, afirmando que os anjos não eram reais, pois desnecessários. “Um
mundo de leis e de processos não precisa de uma escada viva para levar-nos da
Terra até Deus, nas alturas”. Isso não abalou a fé dos evangélicos
conservadores que continuam a confirmar a validade dos anjos.
O CONSENSO
DO CENÁRIO MODERNO
a) Foi
talvez o teólogo liberal Paul Tillich (1886 - 1965) quem postulou o conceito
mais radical
do período moderno. Considerava os anjos essências platônicas: emanações da
parte de Deus. Acreditava que os anjos queriam voltar à essência divina da qual
surgiram para serem iguais a Deus. Tillich aconselhava: “Para interpretar o
conceito dos anjos de modo relevante, hoje, interprete-os como as essências
platônicas, como os poderes da existência, e não como seres especiais. Se você
interpretá-los desta última maneira, tudo não passará de grosseira mitologia”.
b) Karl
Barth (1886 - 1968) e Miliard Erickson (1932), entretanto, encorajavam uma
abordagem mais cautelosa e sadia. Barth, o pai da neo-ortodoxia, achava ser o
assunto “o mais notável e difícil de todos”. Reconhecia o enigma do intérprete:
Como “avançar sem ser precipitado”; estar “ao mesmo tempo aberto e cauteloso,
crítico e ingênuo, perspicaz e modesto?”
c) Erickson,
teólogo conservador, acrescentou que poderíamos ser tentados a omitir, ou
negligenciar, o estudo dos anjos, porém “se é para sermos estudiosos fiéis da
Bíblia, não temos outra escolha senão falar a respeito deles ”.
2 - A
DOUTRINA BÍBLICA DOS ANJOS
Muito se tem
escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade
de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à
conceituações erradas e falsas sobre o mundo espiritual. Nesta disciplina, procuraremos
aclarar a verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela
Bíblia Sagrada. Não poucas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordem de
seres celestiais totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam
uma posição exaltada acima da atual posição do homem caído.
Estes seres celestiais são mencionados pelo
menos 108 vezes no Antigo estamento e
165 vezes no Novo Testamento, e a partir deste conjunto de Escrituras o
estudante pode criar a sua “doutrina dos Anjos”.
ETIMOLOGIA E
CONCEITO DO TERMO
A palavra
portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez deriva- se do
grego angelos. No idioma hebraico, temos mal'ãk. Seu significado básico é “mensageiro”
(para designar a ideia de ofício de mensageiro). O grego clássico emprega o
termo angelos para o mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que fala e
age no lugar daquele que o enviou. No
Antigo Testamento , onde o termo mal'ãk ocorre 108 vezes, os anjos aparecem
como seres celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele
(Ne 9.6; Jó 1.6), são espíritos ministradores (1Rs 19.5), transmitem a vontade
de Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os
propósitos de Deus (Nm 22.22), e celebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl
148.2).
No Novo
Testamento, onde a palavra angelos aparece por 175 vezes, os anjos aparecem
como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções
semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e
louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6),são espíritos ministradores(Lc 16.22; At
12.7-11; Hb 1.7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8. 26),
obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus propósitos (Mt 13. 39-42),
e celebram os louvores de Cristo (Lc 2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a
eventos especiais, tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu
nascimento (Lc 2.10-12),Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda
Vinda (At1.11).
O termo
teológico apropriado para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego
angelos, “anjo” e logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia se constitui, portanto,
de doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia
Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza
moral e atividades dos anjos. Quando consideramos os anjos, como nas outras
doutrinas, existe campo para o uso da razão. Considerando que Deus é Espírito
(Jo 4.24), que não participa de maneira nenhuma dos elementos materiais, é
natural presumir que existem seres criados que se assemelham mais com Deus do
que com as criaturas terrestres que combinam o elemento material com o
imaterial. Há um reino material, um reino animal e um reino humano; assim,
podemos presumir que há um reino angélico ou espiritual. Contudo, a Angelologia
não repousa sobre a razão ou a suposição, mas sobre a “Revelação”.
VARIEDADE
DOS TERMOS APLICADOS AOS ANJOS
Os termos genéricos
usados para anjos, geralmente indicam sua atribuição ou função . Relacionamos abaixo
alguns destes termos encontrados nas Sagradas Escrituras:
a)
Leitourgos (grego) e Mishrathim (hebraico): algumas vezes usadas com o significado
de “anjos”, são palavras para “servo” ou “ministro”.
b) Hoste: É
a palavra hebraica “sava”. Essa palavra se estende a toda formação do exército
celestial de Deus–uma força militar que luta as batalhas e cumprem a vontade de
Deus. (Lc 2.13; Ef 6.12; Hb 12.22).
c) Espíritos
(Hb 1.14).
d) Vigias:
Como em Dn 4.13,17, define anjos como supervisores e agentes de serviço de Deus
nos assuntos do mundo. Talvez nessa classe de anjos estejam os que tomam
decisões e executam os mandamentos de Deus na Terra.
e) Bene
Elim: Ou “filhos poderosos”, é traduzido por “poderosos” no SI 29.1. Essa é a descrição do grande poder dos anjos.
f) Bene
Elohim: Ou “filhos de Deus”, define os anjos como uma determinada classe
de seres. Este termo inclui
Satanás. (Jó 16; 2.1; Sl 29.1; 89.6).
g) Elohim:
separadamente é algumas vezes aplicada aos anjos. Ela retrata os anjos
como uma classe de seres
sobrenaturais, de força mais elevada que a do homem.
Quando os anjos apareceram a Jacó
em Betel, o termo usado é Elohim (Gn 35.7).
h) Estrelas:
É o termo simbólico usado para os anjos, sugerindo que sua habitação é os céus (Ap 12.4).
i) Um
sacerdote (Ml 2.7). O sacerdote é chamado de mensageiro, “anjo” do Senhor.
j) Santos
(Sl 89.5-7).
k) Os seres
celestiais (Sl 29.1; 89.6) têm esse título.
l) Um uso
mais amplo ainda inclui também a coluna de nuvem (Êx 14.19).
m) A
pestilência (2Sm 24.16,17).
n) Os ventos
(Sl 104.4).
o) E as
pragas (Sl 78.49).
p) Paulo
chamou seu espinho na carne de anjo, isto é, “mensageiro de Satanás” (2Co 12.7;
Gl 4.13,14).
q) Pastores
da igreja (Ap 2.1,8,12). Os sete anjos das sete igrejas da Ásia Menor podem ter
sido os sete bispos dessas igrejas que visitaram João na Ilha de Patmos.
r) Estrelas.
Jesus Cristo diz que tem na Sua mão as sete estrelas (Ap 1.20b). “... As sete
estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as
sete igrejas.”
s)
Principados, poderes, tronos, dominações e autoridades (Cl 1.16; Rm 38; 1Co
15.24; Ef 6.12; Cl 2.15).
t)
Congregação/ assembléia (Sl 89.6,7).
u) Os anjos
são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.14). “Não são,
porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor
daqueles que hão de herdar a salvação”?
DEUS É AUTOR
DE TODAS AS COISAS VISÍVEIS E INVISÍVEIS
O ponto de
partida está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo
o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”
(Ef 1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se
constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina.
e, consequentemente
, a base da relação do homem com Deus. A Bíblia revela que o Deus Trino é o
Autor da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a
Pessoa de Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas
são de Deus, o Pai” (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1. 15-17). O Espírito Santo participa
da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os
textos de Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13. A obra da criação foi
feita por um ato livre da parte do criador.
A Bíblia
deixa claro que Deus é autossuficiente e não tem qualquer relação de
dependência de nada e de ninguém (Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da
criação, Ele o fez não por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de
fazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única dependência divina é a de sua
própria e soberana vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece o
fato de que “Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef
1.11; Ap 4.11).
A OBRA DA
CRIAÇÃO TEVE UM COMEÇO
A criação
teve um princípio tanto para as visíveis como para as invisíveis. A prova
irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro versículo da Bíblia: “No
princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no
hebraico é bereshith, que literalmente significa “começo”. O sentido da palavra
é indefinido e sugere que a criação teve um início, um começo (Sl 90.2;
102.25).
Por essas
Escrituras, entende-se que, num momento específico, conforme sua soberana
vontade, Deus criou a matéria e a substância que antes nunca existiram. Quanto
à existência do mundo espiritual, o princípio é o mesmo estabelecido para a
criação da matéria, pois Deus criou tudo do nada.
A CRIAÇÃO
DAS COISAS MATERIAIS
A base dessa
declaração está na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis.
Entretanto, a criação material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros
sistemas existentes e descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes
espalhados no espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas
e satélites, nos dá visão apenas limitada de toda a grandeza da criação
material (Ne 9.6). Na criação da terra, o Criador formou a vida física numa
combinação do imaterial com o material (Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação
são incluídos o homem, os animais nas mais variadas espécies, além da vida
vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos e homens como seres
espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações, porque os anjos são
apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais. A vida
dos anjos é apenas espiritual. A vida física foi criada para propagar- se, por
isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida dos anjos é única e
eterna; não pode propagar-se, isto é, os anjos não procriam
A CRIAÇÃO
DAS COISAS ESPIRITUAIS
Ao responder
aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático e
poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia
sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam
presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7).
Nesta
Escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador
da terra e a
rege com justiça e que, ao criar o mundo material, as estrelas
da alva
alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam (Jó
38.7). Na
linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva”
quanto “os
de Deus” são figuras dos seres espirituais criados pelo
Senhor.
A ORIGEM DOS
ANJOS
A época de
sua criação não é indicada com precisão em parte alguma, Dois fatos devem ser
levados em conta. O primeiro é que os anjos não existem desde a eternidade.
Isto por um lado é mostrado pelos versículos que falam de sua criação, Ne 9.6:
“Tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército” Sl 148.2,5: “Louvai-o
todos os seus anjos; louvai-o todas as suas legiões celestes... louvem o nome
do Senhor, pois mandou ele, e foram criados”. Por outro lado está subentendido
na declaração de 1Tm 6.16, onde afirma que Deus é “o único que possui
imortalidade”. O outro fato diz respeito a época de sua criação. Não é indicada
com precisão em parte alguma na Bíblia, contudo é mais provável que tenha se
dado juntamente com a criação dos céus em Gn 1.1. Pode ser que Deus os tenha
criado imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra,
pois de acordo com Jó 38.4-7, “rejubilaram todos os filhos de Deus” quando Ele
lançava os fundamentos da terra.
SUA EXISTÊNCIA
A existência
dos anjos é claramente demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo
Testamentos. São inúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a
realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto, destacar apenas os que
se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17;
91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos
os anjos em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as
mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também
como guerreiros. No contexto do Novo Testamento, os anjos não são apresentados simplesmente
como “mensageiros de Deus”, mas também como “ministros aos herdeiros da
salvação” (Hb 1.14). Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira
inequívoca no Novo Testamento. Vejamos, por exemplo, os textos a seguir: Mt
13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2Ts
1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na
obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu
de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando
foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11); na ressurreição
de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10). Outras manifestações
podem ser listadas neste ponto em toda a Bíblia. Sua manifestação é incorpórea;
eles são seres espirituais e morais, por que acima de tudo, são pessoas. A
realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles
demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas
manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto,
os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, incorporam em corpos de
pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam.
Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas
de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.
O PROPÓSITO
DA CRIAÇÃO
Os anjos
foram criados para darem glória, honra e ações de graça a Deus; para adorarem a
Cristo (Hb 1.6); para cumprirem os propósitos de Deus: proteção de Israel (Dn
12.1), luta contra Satanás (Jd 9; Ap 12.7), anunciar a vinda de Cristo (1Ts
4.16), guardarem o trono de Deus (Ez 10.1-4), se preocuparem com a adoração a
Deus perante o Seu Santo Trono (Is 6.2-7), assistirem a Deus em sua obra
Soberana (Cl 1.16; 2.10; Ef 1.21; 3.10).
ANJOS BONS E ANJOS MAUS
Na criação
original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus.
A Bíblia
declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade
(2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados
como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente
entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos
(Is 14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o
Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos
que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua
posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando
a vontade do Criador. São chamados de “anjos eleitos” (1Tm 5.21) e evidentemente
receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de
perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes
de pecar. São chamados também de “santos anjos” (2Co 11.14). Sempre contemplam
a face Deus (Lc 9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua atividade mais
elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl
103.20; 148.2 Ap 5.11).
O NÚMERO DE
ANJOS
Embora não
seja citado número definido na Bíblia, acredita-se que a quantidade de
anjos é
muito grande anjos (Dn 7.10; milhares de milhares o serviam, e milhões de
milhões estavam diante dele;) Mt 26.53; (Acaso, pensa que não posso rogar a meu
Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?) Uma Legião é de origem Romana e aplicado a
nomenclatura militar. Totaliza o número de 6.000. 12 Legiões equivale a 72,000. Sl 68.17; Lc 2.13; Hb 12.22),
e são repetidamente mencionados como exércitos
dos céus ou de Deus. No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria
defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar ao meu
pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos”? (Mt
26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor dos Exércitos”.
Outrossim, a quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde
que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e
foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza
expressões variadas para designar “milhares de milhares”, “multidão dos
exércitos celestiais”, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2;
Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é
incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (Sl
148.2-5).
3 - A
NATUREZA DOS ANJOS
Não são
seres humanos glorificados em Mateus 22.30 está escrito “que seremos como
anjos”, mas não diz que seremos anjos. No futuro, os crentes hão de julgar os
anjos “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas
pertencentes a esta vida? (1Co 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus,
isso é diferente de dizer que seremos anjos. As “incontáveis hostes de anjos”
são diferenciadas dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.22,23).
Não são os
filhos de Deus em Gênesis seis
Os anjos são
chamados “Filhos de Deus” no Velho Testamento nas referências de Jó 1.6; 2.1;
38.7. Deve ser observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, os homens
também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A palavra original é
“Benai-Elohim” - filhos de Deus. Que os filhos de Deus se refere aos anjos,
neste texto de Gn 6, é a posição tomada por Josefo, Filo Judeus e os autores do
Livro de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas. Era a posição geralmente
aceita pelos judeus eruditos dos primeiros séculos da era cristã. A impressão
que geraram “gigantes” foi da Septuaginta (LXX), que também traduziu todos os
manuscritos, substituindo “filhos de Deus” por “anjos de Deus” em Gn 6; Jó 1.6
e 2.1, e por “meus anjos” em Jó 38.7.“...Estes eram os valentes que houve na
antigüidade, os homens de fama” (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre “os
filhos de Deus” com as “filhas dos homens”. Esta é a definição original dos
textos da palavra de Deus e não “NEFILINS”, que encontramos em alguns textos
traduzido e não confiáveis, conforme The Theological Workbook of the Old
Testament, por Harris, Archer e Waltke.
Teoria
equivocada de que os “filhos de Deus” eram anjos
a) As
referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7.
b) A relação
anormal produziu gigantes impiedosos.
c) Anjos
podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou em homens (Mc 1.23- 26; Mc 5.13). O
Dr. Henry Morris diz: “Os filhos de Deus e as filhas dos homens são homens e
mulheres, mas foram possessos por demônios”.
d) Em Mt
22.30, o Senhor estava apenas explicando que os anjos não se reproduzem como os
humanos. Não há prova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a palavra
anjos, sempre é no gênero masculino. Alguém explica que os anjos não se
reproduzem porque não existe “anjas”.
e) As
referências associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6.
f) Esta
teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plínio.
g) Os livros
apócrifos (3 deles), asseguram esta posição.
h) É
considerado que houve duas quedas dos anjos, uma quando Satanás liderou a
rebelião, antes da queda do homem e outra em Gn 6 (teoria defendida
por Clarence Larkin).
Teoria de
que os “filhos de Deus” não eram os anjos e sim os descendentes de Sete.
Em Gênesis 6
encontramos a corrupção geral do gênero humano bem como um protesto de
Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de Sete e os da linhagem
ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 “E aconteceu que, como os homens começaram a
multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de
Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de
todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Não contenderá
o meu
Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias
serão cento e vinte anos”. Esses filhos de Deus, sem dúvida, não eram anjos como
teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1; Sl
73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com as filhas dos homens,
isto é, mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os filhos de Deus eram
anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que os anjos não se casam (Mt
22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os ímpios levou à maldade do
versículo 5, isto é, os justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, a
terra corrompeu-se e encheu-se de violência. Observemos alguns pontos que
invalidam a teoria de que os filhos de Deus neste eram anjos:
a) Se anjos
de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio
espetacular da história que viola as normas da natureza, e não há nada na
Bíblia que diga que anjos têm poderes sexuais.
b) Em Gn 6,
encontramos em seu contexto a seqüência do termo “homem”, vv 1,2,3.
c) A
distinção entre os “filhos de Deus” e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo que,
claramente entendemos que o título “filhos de Deus” não se refere aos anjos
caídos.
d) Se esta
relação entre anjos e mulheres gerou os “nefilins-gigantes”, como se explica a
presença destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33?
e) A
linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relação entre humanos.
f) Os textos
do Novo Testamento não provam que são anjos: (a) 1Pd 3.18-20 não menciona
nada sobre estes “espíritos em prisão” serem anjos, pelo contrário, o
contexto indica homens
(1 Pd 4.6); (b) 2 Pd 2.4 e Judas 6,7 são referências
de anjos, mas não provam que estiveram envolvidos em Gn 6.
g) Os livros
apócrifos, provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais adotaram a
interpretação angélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos,
isso lhes nega toda autenticidade em termo de canonicidade. 3.3. São seres
espirituais.
Os anjos são
descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às
condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se
com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar de serem
espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar
visível sua presença aos sentidos do homem
(Gn 19.1-3).
São
espíritos invisíveis
Os anjos são
reais, mas nem sempre visíveis (Hb 12.22). Embora Deus ocasionalmente
lhes conceda a visibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos invisíveis (Sl 104.4;
Hb 1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: “Fazes a teus anjos ventos”, citado em Hb 1.7.
Observe também Hb 1.14; “Não são todos eles espíritos ministradores enviados
para serviços, a favor dos que hão de herdar a salvação”?
Possuem
corpos espirituais
Com
demasiada freqüência o problema é confundido pela imposição aos seres espirituais
daquelas limitações que pertencem à humanidade. Para os santos no céu foi
prometido um “corpo espiritual” (1Co 15.44). Há muitos tipos de corpos até mesmo na
Terra, o Apóstolo declara (1Co 15.39,40) e prossegue dizendo que também há
corpos celestiais e corpos terrestres. Não podemos dizer que não há corpos
celestiais apenas porque o homem não tem poder de discernir esses corpos. Os
espíritos têm uma forma definida de organização que está adaptada à lei de sua
existência. Eles são finitos e espaciais. Tudo isto é verdade embora eles
estejam
muito afastados desta economia do mundo. Eles têm a capacidade de se aproximar da
esfera da vida humana, mas o fato de maneira nenhuma lhes impõe a
conformidade com a existência humana. O aparecimento de anjos pode ser, quando a
ocasião exige, com a aparência de homens, de modo que eles se passam por
homens. Como poderíamos explicar de outra maneira que alguns “... sem o saber
acolheram anjos...” (Hb 13.2)? Por outro lado, seu aparecimento às vezes é
deslumbrante e glorioso (Mt 28.2-4). Quando Cristo declarou: “...um
espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho...” (Lc 24.37-39), Ele não quis
dizer que um espírito não tem corpo algum, mas, antes, que os espíritos têm corpos
constitucionalmente diferentes dos corpos dos homens.
São
exércitos e não raça
As
Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os
anjos: “Porque na ressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são, porém,
como os anjos do céu” (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto, não se caracteriza
uma raça. No Velho Testamento os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Jó
1.6; 2.1; 38.7), mas nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos”. Os anjos sempre
são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo, não
propagam sua
espécie (Lc 20.34-35).
As
Escrituras em parte alguma ensinam que os anjos sejam seres sexuados. No fundamento
genuíno criador de Deus, não foi deixada margem alguma para se acreditar na
reprodução de seres da escala espiritual. Sobre este assunto, apenas nos foi
revelado as leis que regem os seres naturais ou materiais. Não conhecemos
nenhum texto Sagrado explícito ou sequer subjetivo que nos conduza ao
pensamento de que os anjos podem se reproduzir, ou possuam sexo. Seus nomes
masculinos, não se refere em nenhum momento à uma ordem de sexualidade
humana (macho e fêmea).
Acreditamos
sim que os anjos não se reproduzem, pois a obra criadora de Deus revelada em
Sua Palavra, se fez desse modo, e qualquer indagação ou afirmação contrária é
mera especulação e apostasia da veracidade bíblica.
São seres
racionais morais e imortais
Aos anjos
são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e
atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente
do fato de que são espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe
2.11). Embora não sejam oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento
(Mt 24.36) e por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados
pela obediência e punidos pela desobediência.
A Bíblia
fala dos anjos que permanecerem leais como “santos anjos” (Mt 25.31; c 8.38; Lc
9.26; At 10.22; Ap 14.10) e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores
(Jo 8.44; 1Jo 3.8-10).
A
imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a
morte (Lc 20.35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de
Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor
mandar (Sl 103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14) enquanto que os anjos maus
formam o exército de Satanás empenhado em destruir a obra do Senhor (Lc
11.21; 2Ts 2.9; 1 Pe 5.8).
Ilustrações
do poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At
5.19; 12.7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de
Cristo (Mt 28.2).
Os Anjos não
são oniscientes
Apesar da Bíblia
dizer que os anjos são mais inteligentes que Daniel, eles não são oniscientes.
Eles não sabem tudo. Não são iguais a Deus em sabedoria. Jesus, particularmente,
deu testemunho da limitação do conhecimento dos anjos, quando falou que
eles ignoravam o dia da vinda do Filho do Homem (Mt 24.36). Os anjos,
sem dúvida, sabem coisas a nosso respeito que desconhecemos. Devido ao
fato de serem espíritos auxiliadores, usarão estes conhecimentos para o nosso bem
e nunca para maus propósitos.
São seres
inteligentes
Embora seu
serviço e dignidade possam variar, não há nenhuma implicação na Bíblia de
que alguns anjos são mais inteligentes que outros. Cada aspecto da personalidade
dos anjos foi declarado. Eles são seres individuais e, embora espíritos,
experimentam emoções.
a) Os anjos
prestam culto inteligente (Sl 148.2);
b) os anjos
contemplam com o devido respeito à face do pai (Mt 18.10);
c) os anjos
conhecem suas limitações (Mt 24.36);
d) os anjos
reconhecem sua inferioridade para com Jesus (Hb 1.4-14).
E, no caso
dos anjos caídos, eles conhecem a sua capacidade de fazer o mal. Os anjos são
individuais, mas, embora às vezes apareçam, em uma condição separada,
estão sujeitos a classificações e a variadas categorias de importância. Pela sublime
tarefa que os anjos desempenham no tempo e no espaço, desde o princípio; e
por aquilo que a respeito deles a Bíblia diz, a conclusão a que se chega é que
os anjos excedem em muito em conhecimento e em sabedoria os mais
brilhantes homens que a história humana já teve. Sem dúvida,
os anjos foram criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve início em
sua origem, continuando a se ampliar até os nossos dias. As oportunidades
de observação que os anjos têm, e as muitas experiências que, nesse
sentido, conforme podemos supor, devem ter tido, juntamente com as
revelações
diretas da parte de Deus, devem ter-se adicionado grandemente ao acúmulo de
sua inteligência original.
Os Anjos são
poderosos
O que se
aplica a todas as criaturas em relação ao poder que têm, também se aplica aos
anjos: Seu poder deriva de Deus. O seu poder, embora seja grande, é restrito.
Eles não podem fazer aquelas coisas que são peculiares à Divindade: criar, agir
sem os meios, ou sondar o coração do homem. Eles podem influenciar a mente humana
como uma criatura pode influenciar outra. O conhecimento desta verdade é de
grande importância, Até mesmo um anjo pode reivindicar ajuda divina
quando em conflito com outro anjo (Jd v.9).
O poder
angelical é superior, mas não supremo. Deus simplesmente lhes empresta o
seu poder, pois eles são os seus agentes especiais. Os anjos, portanto,
são “maiores em força e poder” do que nós (2Pe 2.11), Como “magníficos
em poder, que cumpris as suas ordens,” (SI 103.20) “anjos poderosos”
mediarão os juízos finais de Deus contra o pecado (2Ts 1.7).
Os Anjos são
numerosos
A alusão ao
número dos anjos é um dos superlativos da Bíblia. Eles foram descritos em
multidões “que os homens não podem contar”. Temos razões para concluir que
há tantos seres espirituais em existência quantos seres humanos vão existir em
toda a história da Terra. É significativo que a frase “o exército do céu” descreve
tanto as estrelas materiais quanto os anjos, sendo que ambos não podem ser
contados (Gn 15.5). Vale a citação do Dr. Cooke com a sua lista de testemunho
bíblico sobre o número dos anjos: “Veja o que diz Macaias: “Vi o Senhor
assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua direita e à
sua esquerda” (1Rs 22.19). Ouça o que diz Davi: “Os anjos de Deus são vinte
mil, sim milhares de milhares” (SI 68.17). Eliseu viu um destacamento destes seres
celestiais que foram enviados para sua guarda pessoal, quando “o monte estava
cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.17). Ouça o que
Daniel viu: “... milhares de milhares
o serviam, e miríade de miríade estavam
diante dele...” (Dn 7.10). Eis o que os pastores vigilantes viram e ouviram na noite do
nascimento do Redentor: “...uma multidão da milícia celestial louvando a Deus e
dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas...” (Lc 2.13). Ouça o que diz Jesus: “... acaso pensas que não posso rogar a meu
Pai, e ele me mandaria neste momento mais
de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
Veja
novamente o magnífico espetáculo que João viu e ouviu quando olhou para o mundo
celestial: “Vi, e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e
dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,
proclamando em grande voz. Digno é o Cordeiro, que foi morto...” (Ap 5.11,12). Se
estes números forem entendidos literalmente, eles indicam 202 milhões, mas
são apenas uma parte do exército celestial. Contudo, é provável que estes
números não tenham a intenção de indicar qualquer quantidade exata, mas que a
multidão era imensa, além do que costuma usualmente entrar na
computação
humana. Por isso lemos, em Hb 12.22, não sobre um número definido ou
limitado, embora grande, mas de “incontáveis hostes de anjos”.
Os Anjos são
maiores em força e poder
“Enquanto os
anjos, sendo maiores em força e poder não pronunciam contra eles juízo
blasfemo diante do Senhor” (2Pe 2.11), estes seres celestiais, já contam na presente Era
com a felicidade da vida última, isto é, são seres imortais (Lc 20.36). Esta
capacidade a eles imposta, lhes dá a condição de serem superiores aos homens que
são seres mortais.
Inferiores a
Cristo
“Ainda que
por um pouco de tempo, Jesus fora feito um pouco menor do que os anjos, por
causa da paixão e morte” (Sl 8.5; Hb 2.9). Quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus
Cristo, os anjos são inferiores a Ele em dois pontos.
a) Os Anjos
são criaturas. Os anjos são “criaturas” de Deus, ainda que chamados
“filhos de Deus”, contudo, não têm em si a condição original peculiar ao
Senhor Jesus. O escritor aos Hebreus, salienta: “... feito Jesus tanto mais
excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles...”
(Hb 1.4).
b) Os Anjos
são adoradores. Em razão da adoração, os anjos são inferiores a Cristo; eles
são adoradores, enquanto que Cristo é adorado! Isto é depreendido
nas próprias palavras do Criador: “... e
todos os anjos de Deus o adorem” (Hb
1.6b). Este direito inerente ao Filho de Deus o coloca acima deles.
As
Escrituras dizem que os anjos são seres superiores em força e poder aos homens:
contudo, jamais em hipótese alguma, eles aceitam adoração; em lugar de os anjos
serem objeto de adoração, eles são súditos que adoram Jesus Cristo. O apóstolo
Paulo advertiu: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e
culto dos anjos...” (CI 2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João é advertido
pelo próprio ser angelical: “...Olha não faças tal, porque eu sou conservo teu e de
teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a
Deus”.
Portanto, os
anjos não são objetos de adoração como João chegou a supor momentaneamente.
E no contexto do significado do pensamento diz Paulo:
“Porque
estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso
Senhor” (Rm 8.38,39). Ora, isto apresenta Cristo como sendo Senhor dos próprios
anjos. E de fato, Ele foi feito mais excelente do que os anjos (Hb 1.4). Os anjos foram
criados; Cristo é Criador: Como Criador Jesus é superior aos anjos, pois maior
do que a criatura é aquele que a criou (Is 45.9). Anjos são súditos; Cristo é o
Senhor.
Os Anjos
tomam decisões
Os anjos
tomam decisões. A desobediência de um grupo deles subentende sua capacidade
de escolha, e de influenciar outros com a sua iniquidade (1Tm 4.1). Por outro
lado, quando o bom anjo recusou a adoração de João (Ap 22.8,9), fica subentendida
sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com o bem. Embora os
anjos bons respondam com obediência ao mandamento de Deus, não são
autômatos. Pelo contrário: optam com intenso ardor a obediência dedicada.
Os Anjos
possuem habitação
A habitação
dos anjos também é um assunto revelado definidamente. Já falamos da
insinuação de que todo o Universo encontra-se habitado por inumeráveis exércitos de
seres espirituais. Esta vasta ordem de seres com todas as suas classificações
tem habitações e centros fixos para as suas atividades. Com o uso da frase “os
anjos no céu” (Mc 13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam as
esferas celestiais.
O apóstolo
Paulo escreve: “um anjo vindo do céu” (Gl 1.8) e “...toda família, tanto no céu como
sobre a terra...” (Ef 3.15). Igualmente, na oração que Cristo ensinou aos Seus
discípulos, eles foram instruídos a dizer: “... faça-se a Tua vontade, assim na
Terra como no céu...” (Mt 6.10). O Dr. A. C. Gaebelein escreve sobre a habitação
dos anjos, dizendo: “No hebraico, céu está no plural ‘os céus’. A Bíblia fala de três
céus, sendo o terceiro céu, o céu dos céus, o lugar da habitação de
Deus, onde o
Seu trono sempre esteve. O tabernáculo do Seu povo terreno, Israel, era
um modelo dos céus. Moisés, quando esteve na montanha, olhou para a vastidão
dos céus e viu os três céus. Ele não tinha telescópio. Mas o próprio Deus lhe
mostrou os mistérios dos céus. Então Deus o advertiu quando estava para
construir o tabernáculo, dizendo ao Seu servo: 'Vê que faças todas as coisas de acordo
com o modelo que te foi mostrado no monte' (Hb 8.5). O tabernáculo
tinha três
compartimentos: o pátio externo, o lugar Santo e o Santo dos Santos. Uma vez por
ano o sumo sacerdote entrava neste local terreno de adoração, passando
pelo pátio externo para o lugar Santo e finalmente, levando o sangue do sacrifício,
ele entrava no Santo dos Santos para aspergir o sangue na presença santa de
Jeová. Mas Arão era apenas um tipo daquele que é maior que Arão, o verdadeiro
Sumo Sacerdote. Dele, do verdadeiro Sacerdote, o nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, foi escrito que Ele penetrou os céus (Hb 4.14): 'Porque Cristo não
entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu,
para comparecer, agora, por nós, diante de Deus' (Hb 9.24). Ele passou pelos
céus, o pátio exterior, o céu que circunda a Terra; o lugar Santo, o Universo
imenso com sua distância imensurável e, finalmente, Ele entrou no terceiro
céu, o céu que a astronomia sabe que existe, mas que nenhum telescópio
pode
alcançar. Nos lugares celestiais, de acordo com a Epístola aos Efésios, estão os
principados e potestades, a multidão incontável de anjos. Sua habitação está nos
céus. Deus que os criou, que os fez espíritos e os revestiu de corpos apropriados
para a sua natureza espiritual, também deve lhes ter designado habitação...
Também é significativo que a frase ‘exército dos céus’ signifique tanto as estrelas
como os exércitos angelicais; o ‘Senhor dos Exércitos também tem o
mesmo
significado duplo, pois Ele é o Senhor das estrelas e o Senhor dos anjos’”.
Sua
aparência
Nas
histórias que se têm colecionado, há anjos com asas e outros sem asas, anjos que se
parecem com anjos e outros que se parecem com seres humanos. Parece que
os anjos que aparecem como homens, e não como anjos, vão ter a aparência de
quem estão visitando. Em outras palavras, se o anjo que apareceu à mãe de
Sansão não se parecesse com um israelita, ela não teria chamado filho de Deus, como
sendo ele um profeta israelita (Jz 13.6). Se os anjos que aparecem sem que se
saiba que são anjos (Hb 13.2), então aparecem aos chineses como chineses,
aos africanos como africanos, e a americanos como americanos. Isso significa
que há anjos aparecendo como negros e brancos.
Suas asas
A Bíblia não
nos diz que anjos possuem asas. Esta idéia de asas vem de um verso em
Daniel onde está registrado que um anjo veio voando rapidamente (Dn 9.21).
Entretanto, como os anjos não se movem no tempo e no espaço como nós, não sabemos
se precisam de asas para voar. Outras ordens de seres celestiais chamadas
querubins, serafins são descritas como possuindo asas (Ez 1.5-11; 1Rs 6.27). Na
arte medieval, muitos anjos são desenhados com asas, mas vieram da idéia da
deusa grega Nike. Portanto,
creio que muitos anjos não possuem asas. Eles são “espíritos puros”, não compostos
de matéria, mas compostos de essência e existência, de ação e de
potencialidade, escreveu Tomás de Aquino. Em religiões não cristãs, a idéia de como são os
anjos varia, particularmente com as personalidades angelicais específicas,
uma vez que são percebidos, ou imaginados por diferentes grupos. Não estamos
sempre atentos à sua presença porque os anjos nem sempre fazem aparições
visíveis.
Características
do seu próprio de um ser
Rejubilam
diante do Todo Poderoso
“Quando as
estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos (os anjos)
de Deus rejubilavam” (Jó 38.7). Alguns estudiosos da Bíblia insistem em
que os anjos não cantam. Isso, porém, não é verdade! Os anjos
possuem a suprema aptidão de oferecer louvores, e a sua música vem sendo
desde tempos imemoriais o veículo primordial de louvor ao nosso Deus
Todo Poderoso, Jó diz que quando Deus lançava os fundamentos
da Terra, os anjos cantavam rejubilando de alegria. A música é a
linguagem universal. É possível que João tenha visto um imponente coro celeste
(Ap 5.11,12) de muitos milhões de anjos que expressavam seu louvor ao
Cordeiro celeste através de magnífica música. Não é debalde que o Salmista
exorta (SI 148-2): “...Louvai-o todos os seus anjos...” Isto é real! De acordo
com Lc 2.13, multidões de anjos apareceram na noite do nascimento
de Cristo, clamando de alegria em vista do início da nova criação,
como tinham feito no princípio da primitiva criação (Hb 1.6). 3.19.
Os Anjos são
incomparáveis entre as criaturas de Deus
O respeito
aos anjos era profundo no judaísmo, a ponto de ver um anjo ser considerado
como experiência tão grande, quanto ver o próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx
3.4; Jz 6.14; 13.22). Algum desses casos era Deus manifestando-se de alguma forma
visível. A teologia judaica posterior encarava os anjos como mediadores
entre Deus e os homens (Ez 40.3; Zc 3), e a posição tão elevada naturalmente
fez com que alguns os adorassem.
Os Anjos
“são incomparáveis entre as criaturas, mas nem por isso deixam de ser criaturas”.
Correspondem com adoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc 2.13-15; Ap
4.6-11) e a Cristo (Hb 1.6). Como conseqüência, os cristãos não devem
exaltá-los (Ap 22.8-9); os que o fazem, perdem a sua recompensa futura (Cl 2.18). Uma das
razões pela qual se originou a carta aos Colossenses, escrita pela o apóstolo
Paulo, foi o culto aos anjos. A cidade de Colossos estava localizada perto de Laodicéia
(Cl 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a leste de
Éfeso. A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso
ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitosforam tão
poderosos e de tão grande alcance que “todos os que habitavam na Ásia ouviram
a palavra do Senhor Jesus” (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado
Colossos pessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a igreja através de
Epafras, um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12).
O motivo desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossense,
ameaçando o seu futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja
colossense e seu provável fundador viajou com o objetivo de visitar Paulo e
informar-lhe a respeito da situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então
escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl 4.3,10,18), possivelmente
em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O
cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em
nome do apóstolo (Cl 4.7). Paulo
escreveu esta epístola porque os falsos mestres estavam se infiltrando na igreja de
Colossos, ensinando que a doutrina apostólica e a salvação em Cristo eram
insuficientes para a plena redenção. Esse falso ensino misturava a “filosofia” e a
“tradição” humanas com o evangelho (Cl 2.8) e requeria a adoração de anjos como
intermediários entre Deus e o homem (Cl 2.18). Os falsos mestres exigiam a observância
de certos ritos religiosos judaicos (Cl 2.16,21-23) e justificavam a sua heresia, afirmando
que recebiam revelações através de visões (Cl 2.18). A filosofia subjacente
nessas heresias reaparece hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo e o
evangelho original do Novo Testamento são inadequados para satisfazer
nossas necessidades espirituais (2Pe 1.3). Paulo refuta essa heresia ao demonstrar
que Cristo não somente é nosso Salvador pessoal, como também cabeça da
igreja e Senhor do universo e da criação. Logo, é Jesus Cristo e o seu poder em
nossa vida, e não a filosofia ou sabedoria humanas, que nos redime e salva
eternamente. Não necessitamos de intermediários para termos comunhão com Cristo;
devemos nos acercar dEle diretamente. Ser crente significa crer em Cristo e no
seu evangelho; confiar nEle amá-lo e viver na sua presença. Não devemos
acrescentar coisa alguma ao evangelho, nem ter outro intermediário entre Deus e
o homem, nem aceitar a filosofia humanista. Nesta carta
Paulo nos adverte a vigiar contra todas as filosofias, religiões e tradições
que destacam a importância do homem à parte de Deus e de sua revelação
escrita. Hoje, uma das maiores ameaças teológicas contra o cristianismo
bíblico é o “humanismo secular”, que se tornou a filosofia de base e a religião
aceita em quase toda educação secular e é o ponto de vista aprovado na maior parte
dos meios de comunicação e diversão no mundo inteiro. Que ensina a
filosofia do humanismo? Ensina que o homem, o universo e tudo quanto
existe é apenas matéria e energia moldadas ao acaso. Afirma que o homem não
foi criado por um Deus pessoal, mas que resultou de um processo evolutivo.
Rejeita a crença num Deus pessoal e infinito, e nega ser a Bíblia a revelação
inspirada de Deus à raça humana. Afirma que não existe conhecimento à parte das
descobertas feitas pelo homem, e que a razão humana determina a ética
apropriada para a sociedade, fazendo do ser humano a autoridade máxima neste
particular. Procura modificar ou melhorar o comportamento humano mediante
educação, redistribuição econômica, psicologia moderna ou sabedoria humana. Crê
que padrões morais não são absolutos, e sim relativos e determinados
por aquilo que faz as pessoas sentirem-se felizes, que lhes dá prazer, ou
que parece bom para a sociedade, de acordo com os alvos estabelecidos
por seus líderes; deste modo, os valores e moralidade bíblicos são rejeitados.
Considera que a auto-realização do homem, sua auto-satisfação e seu prazer são o
sumo bem da vida. Sustenta que as pessoas devem aprender a lidar
com a morte
e com as dificuldades da vida, sem crer em Deus ou depender dEle. A filosofia
do humanismo começou com Satanás e é uma expressão da sua mentira de
que o homem pode ser igual a Deus (Gn 3.5). As Escrituras identificam os
humanistas como os que “mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram
mais a criatura do que o Criador” (Rm 1.25). Todos os
dirigentes, pastores e pais cristãos devem envidar seus máximos esforços em
proteger seus filhos da doutrinação humanista, desmascarando-lhes os erros e
instilando nas mentes deles um desprezo santo pela sua influência destrutiva
(Rm 1.20-32; 2Co 10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20; 1Co 1.20; 2Pe 2.19). Os falsos
mestres ensinavam que era preciso reverenciar e adorar os anjos, como mediadores,
para ter comunhão com Deus. Para Paulo, invocar os anjos seria substituir
Jesus Cristo como cabeça todo-suficiente da igreja (Cl 2.19); daí, Paulo advertir
contra isso. Hoje, a crença de que Jesus Cristo não é o único intermediário
entre Deus e o homem é posta em prática na adoração e oração a santos
mortos, como padroeiros e mediadores. Essa prática despoja Cristo de sua supremacia e
centralidade no plano redentor de Deus. Adorar e orar a qualquer pessoa que
não seja Deus Pai, Deus Filho ou Deus Espírito Santo são práticas antibíblicas,
e por isso devem ser rejeitadas. Não obstante,
o zelo de Paulo refutando o culto aos anjos, entre outras heresias, após o
século IV d.C., o culto aos anjos tornou-se generalizado, sendo honrado especialmente
o arcanjo Miguel. Os anjos passas a figurar com destaque na arte e no culto dos
cristãos medievais. Posteriormente, com o advento do protestantismo,
os líderes protestantes desencorajaram a prática, contudo, os liberais
relegaram os anjos ao domínio da fantasia religiosa e poética. Desta forma
hoje os
anjos são adorados em larga escala.
4 –
HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
A Bíblia faz
menção de anjos bons e anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram
originalmente criados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre-arbítrio. Numerosos anjos
participaram da rebelião de Satanás contra Deus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e
abandonaram o seu estado original de graça, como servos de Deus, e assim perderam o
direito à sua posição celestial.
O Anjo do
Senhor
Uma
designação especial no Antigo Testamento é “O ANJO DO SENHOR”. Podemos ler
60 ocorrências no Antigo Testamento, onde sua aparição e autoridade o
classifica de forma especial (Gn 16.11; 16.13; 18.2; 18.13-33; 22.11- 18; 24.7;
31.11-13; 32.24-30; Êx.3.2-6; Jz.2.1; 6.11-14; 13.21,22). 4.1.1.
Sua identidade
Existem aqueles
que acreditam que era simplesmente um anjo em missão especial
representando Jeová
a) Esta
identificação fala de Jesus um anjo, que se assemelha à doutrina
muçulmana,
mórmon e outras.
b) Jesus
tinha um anjo especial a quem chamava de “Meu anjo”, enviado para “testificar
acerca destas coisas” descrito em Ap 22.16. Então Deus também poderia
fazer uso de um anjo para missões especiais ou comissioná-lo para tal.
c) Em Mateus
o anjo que aparece a Zacarias e Maria é chamado “O Anjo do Senhor’
(Kurios), depois identificado como Gabriel. “Kurios” é a palavra grega equivalente
a Jeová, de acordo com o dicionário expositivo de Vine. Como “Anjo do
Senhor” Gabriel tinha autoridade de agir e falar pelo Senhor, como já vimos.
d) O Teólogo
Hicks observa que as Escrituras ocasionalmente atribuem as palavras de
um anjo a Deus mesmo quando ele não é um anjo de Jeová. Isso não
deveria causar problemas, porque se um anjo de Jeová é Deus ou o Seu anjo,
ainda assim representa Deus intervindo diretamente na vida dos homens.
Há vários
argumentos que afirmam ser uma teofania da segunda pessoa da Trindade
(Cristofania). Dentre eles alistamos:
a) A
linguagem, malak yaweh, é um título singular e peculiar mostrando que esse personagem
era mais do que um anjo.
b) No Antigo
Testamento, ele é consistentemente apresentado como Jeová: O anjo
apareceu, mas Deus, ou o Senhor, falou.
c) As
promessas ou orientações dadas por este ser são tais que somente Deus poderia ter
assim dado.
d) Este
anjo, identificado como Jeová, apesar de tudo é apresentado de forma distinta de
Jeová e clama por Jeová. Portanto, este anjo parece ser uma Cristofania,
ou pré-encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo.
e) Quando o
Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor que ele Josué)
“...se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhE: Que iz meu
Senhor ao seu servo?”(Js 5.1). Se o Anjo do Senhor não fosse o próprio
Senhor (o Senhor Jesus), o anjo (caso fosse simplesmente “um anjo”) teria
proibido a Josué de adorá-lo, como ocorreu em Ap 19.10 e Ap 22.8,9.
f) Em Jz
2.1, o Anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a
vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto
convosco (o grifo nos pronomes é nosso). Comparada esta passagem com outras
que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o
Deus do concerto israelita. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que aos
seus descendentes daria a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8).
Jurou que
esse concerto seria eterno. Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os
levou à terra prometida (Js 1.1,2).
g) Embora
concordemos com o fato de que existem controvérsias a respeito desta passagem de
Jz 13.18, reputamos a mesma como factual e elucidativa. Quando
Manoá, pergunta ao Anjo do Senhor, o Seu nome, Ele responde: “...porque
perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso”? Uma comparação
desta resposta com a passagem de Is 9.6 demonstra que o Anjo
do Senhor
que apareceu a Manoá é o Menino de quem nos Isaías se refere. Isto é, o
Anjo do Senhor, cujo nome é Maravilhoso.
h) Outra
prova escriturística que apresentamos, é que no contexto neotestamentário,
a Bíblia deixa de utilizar-se do termo “o Anjo do Senhor” como pessoa
específica. Isto é demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino
singular “o” deixa de ser utilizado, sendo substituído pelo artigo indefinido
“um”. Alguns exemplos disto são os textos de Lc 1.11; At 12.7 e At 12.23,
dentre muitos outros. Infelizmente, nem todas as ocorrências no Novo Testamento,
na versão ARC, aonde deveria ocorrer a expressão “um” anjo do Senhor,
acontece. Em vez disso, se encontra o termo “o” anjo do Senhor. Fato que foi
corrigido na versão ARA, nos textos citados e em outros correlatos.
Esta
substituição na ARA possui um grande significado. Pois no contexto do Novo Testamento,
contemporâneo ou posterior à encarnação, as manifestações angelicais
não eram do Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo
do Senhor já havia sido manifestado na carne (1Tm 3.16). 4.1.2.
Tarefas
realizadas
a) Mensagens
ao povo do Senhor (Gn 22.15-18);
b) suprir
necessidades do povo do Senhor (1Rs 19.5-7);
c) proteger
o povo de Deus do perigo (Êx 14.19);
d)
ocasionalmente destruir os inimigos de Jeová (Êx 23.23);
e) punia os
rebeldes (2Sm 24.16,17). 4.1.3. Seus aparecimentos
a) Seu
primeiro aparecimento foi à escrava egípcia, Hagar a fim de lhe socorrer e foi
identificado como sendo “O Anjo do Senhor” (Gn 16.7-12);
b) a pessoa
de Abraão (Gn 22.11,15);
c) a Jacó
(Gn 31.11-13);
d) a Moisés
(Êx 3.2). Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na
sarça ardente disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6);
e) a todos
os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19);
f) mais
tarde em Boquim (Jz 2.1,4);
g) a Balaão
(Nm 22.22-36);
h) a Josué
(Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do SENHOR é mais provavelmente
o Anjo do SENHOR); Josué prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Esta atitude
tem levado muitos a crerem que esse anjo era uma manifestação do próprio
Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10;
22.8,9);
i) a Gideão
(Jz 6.11);
j) a Davi
(1Cr 21.16);
k) a Elias
(2Rs 1.3-4);
l) a Daniel
(Dn 6.22).
O Arcanjo
Miguel
Miguel tem
seu correspondente no grego “Michael e no hebraico mika'el. O nome Miguel é
muito expressivo, “quem é como Deus?” Em que aspecto ele é semelhante a
Deus não foi revelado, mas temos três passagens nas quais ele foi diretamente
mencionado e onde vemos que ele tem grande autoridade. De acordo com Dn 12.1,
ele é o “defensor do povo de Daniel - Israel”. Em Judas 9 ele teve uma
controvérsia com Satanás sobre o corpo de Moisés; mas nessa situação e apesar de
toda a sua grandeza, ele não se atreveu a “proferir juízo infamatório contra ele”,
mas confiando na sua dependência de Deus, ele declara: “...o Senhor te
repreenda”. Miguel se encontra novamente na predição registrada em Ap 12.7- 12. Ele,
como chefe dos exércitos do céu, participa de uma batalha vitoriosa no céu contra
Satanás e os seus anjos. Temos ainda a revelação de que a “voz do arcanjo”
será ouvida quando Cristo voltar para buscar a Igreja (1Ts 4.16). A tradição
sobre a existência de arcanjos não fazia parte original da fé judaica. Assim, na
literatura bíblica, Miguel é introduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece no
Novo Testamento em Jd 9 e Ap 12.7. Embora algumas literaturas tenham Gabriel
como outro Arcanjo (totalizando sete na literatura apócrifa e pseudepígrafa,
onde quatro nomes são revelados: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só
revela a existência de um único Arcanjo, Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de
que nas duas ocorrências da palavra grega archangelos, “arcanjo”,
1Ts 4.16 e
Jd 9, o termo só aparece no singular, ligado unicamente ao nome de Miguel,
donde se conclui biblicamente que só exista um anjo assim denominado Arcanjo, ou
anjo-chefe, e que esse Arcanjo chama-se Miguel.
O Miguel que
se pode encontrar no Novo Testamento surge no Antigo Testamento apenas no
livro de Daniel, à semelhança de Gabriel, é um ser celestial. Tem, no entanto,
responsabilidade especiais como campeão de Israel contra o anjo rival dos persas
(Dn 10.13,21), e ele comanda os exércitos celestiais contra todas as forças
sobrenaturais do mal na última grande batalha (Dn 12.1). Na literatura judaica
recente, bem como nos apócrifos e pseudepígrafos, o nome de Miguel é apresentado
como guardião militar e intercessor de Israel.
No Novo
Testamento, Miguel aparece apenas em duas ocasiões. Em Jd 9, há referência a
uma disputa entre Miguel e o diabo com respeito ao corpo de Moisés. Essa
passagem é bastante polêmica. Orígenes acreditava que isto estaria registrado
num apócrifo chamado de “Assunção de Moisés”, mas a história não aparece nos
textos existentes, porém incompletos, desta obra. A literatura rabínica posterior
parece ter conhecimento desta história. O outro texto em que Miguel aparece, é
Ap 12.7, que retoma o tema de Dn 12.1, apresentando-se Miguel como sendo o
vencedor do dragão primordial, identificado como Satanás.
Gabriel
O vocábulo
Gabriel tem sua correspondente no hebraico “geber El”, e significa “homem de
Deus”. Aparece quatro vezes nas Escrituras como revelador do propósito
divino. No Antigo Testamento ele falou a Daniel sobre o final dos tempos (Dn
8.15-27). Semelhantemente, deu a Daniel a predição quase incomparável de Dn 9.20-27.
O profeta descobriu (Jr 25.11-12) que o período que Israel tinha de permanecer
na Babilônia era de setenta anos e que esse tempo estava para se completar.
Então se entregou à oração pelo seu povo. A oração, conforme registrada,
Gabriel passou com incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que orava na
Terra. Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeová quanto ao futuro de
Israel. No Novo Testamento trouxe a Zacarias a mensagem do nascimento
João (Lc 1.11-20) e foi ele que veio com a maior de todas as mensagens à
Maria quanto ao nascimento de Cristo e o Seu ministério como Rei sobre o
trono de Davi (Lc 1.26-33). Apresenta-se como aquele que “assiste diante de Deus” (Lc
1.19).
Querubins
Querubim tem
sua correspondente no hebraico “qeruvim” (Gn 3.22-24; Ez 10.1-3). Vocábulo correlato
com um verbo acadiano que significa “bendizer, louvar, adorar”. Os
querubins estão sempre associados com a santidade de Deus e a adoração que
a sua presença imediata inspira. O título querubim fala de sua posição
elevada e santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono
de Deus como defensores de Seu caráter e presença santa. Proteger a santidade
de Deus é uma atividade importante deles. Os querubins aparecem pela
primeira vez junto ao portão do Éden, depois que o homem foi expulso e como
protetores para que o homem não retorne poluindo a santa presença de Deus.
Aparecem novamente como protetores, embora em imagens de ouro, sobre a arca da
aliança, onde Deus se comprazia em habitar. A cortina do tabernáculo separava a
presença divina do povo ímpio, tinha bordados de figuras de querubins
(Êx 26.1).
Ezequiel refere-se a estes seres chamando-os pelo seu título dezenove vezes e a
verdade relacionada com eles deriva destas passagens. Ele os apresenta
com quatro rostos diferentes: de um leão, de um boi, de um homem e a face de uma
águia (Ez 1.3-28; 10.1-22). Este simbolismo relaciona-se imediatamente
com as criaturas viventes da visão de João (Ap 4.6-5.14). 4.5.
Serafins (Is
6.1-3)
A palavra
serafins do hebraico “saraph” significa “ardentes”, “queimadores”, “irradiantes
da glória de Deus”, “brilhantes de Deus”, “incandescidos de Deus”. Declaram a
glória incomparável de Deus e a sua santidade suprema. O título serafins
fala de adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade.
Eles aparecem apenas uma vez nas Escrituras sob esta designação (Is 6.1-3).
Sua atribuição tripla de adoração conforme registrada por Isaías foi
repetida por
João (Ap 4.8) e sob o título de criaturas viventes. Alguns estudiosos acreditam
que os “seres viventes” (ou animais, Ap 4.6-9) são sinônimos de serafins e
querubins. Todavia, os querubins em Ezequiel parecem semelhantes, e os “seres
viventes” em Apocalipse são diferentes entre si.
Anjos
eleitos
A
referência, em 1Tm 5.21, aos “anjos eleitos”, descortina imediatamente um campo
interessante de pesquisa referente ao alcance que a doutrina da eleição soberana
deve ter na relação dos anjos para com o seu Criador. É preciso aceitar que os anjos
foram criados com um propósito e que no seu reino, assim como o homem, os
desígnios do Criador serão executados até o final. A queda de alguns anjos foi
tão antecipada por Deus quanto à queda do homem. Está também implícito
que os anjos passaram por um período de experiência.
Governadores
Há
indicações de que existam organizações entre os anjos bons. Em Cl 1.16, Paulo fala
de tronos, soberanias (domínios), principados e potestades (poderes) e acrescenta
que foram criados por intermédio dEle e para Ele. Isto parece incluir que ele está
se referindo aos anjos bons. Em Efésios 1.21, a referência parece incluir
tanto os anjos bons quanto maus. Nas outras passagens, essa terminologia se refere
definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8.38; Ef 6.13; Cl 2.15).
a) Tronos
(thronoi) se referem a seres angélicos, cujo lugar é na presença imediata de
Deus. Esses anjos são investidos de poder real que exercem
sob Deus;
b) Domínios
(gr. kuriotetes) parecem estar próximos dos thronoi em dignidade;
c)
Principados (gr. archai) parecem se referir a governantes sobre povos e nações
distintos. Assim, Miguel é tido como príncipe de Israel (Dn 10.21; 12.1); assim
lemos também a respeito do príncipe da Pérsia e do príncipe da Grécia
(Dn 10.20). Isto é, cada um é um príncipe em um destes principados;
d) Poderes –
potestades (gr. exousiai) são possivelmente autoridades subordinadas,
servindo sob uma das outras ordens. É verdade que não podemos
saber com certeza o significado real desses termos, mas esses acima
parecem ser uma explicação plausível. 4.8. Anjos especialmente
nomeados
Certos anjos
só ficaram conhecidos pelo serviço que prestaram. Destes, temos aqueles que
serviram como anjos de juízo (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Ez 9.1,5,7; Sl
78.49). Vejamos:
a)
Vigilantes (Dn 4.13,23). Os “vigias” (aram. irin, correlato com o heb. ur, “estar
acordado”) são mencionados somente em Daniel 4.13,17,23. São os “santos” que
promoviam zelosamente os decretos soberanos de Deus, e demonstravam
o senhorio de Deus sobre Nabucodonosor.
b) Anjo do
abismo (Ap 9.11). “Tinham sobre si rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico
é Abadom e em grego Apoliom” (Ap 9.11). Abadom (ou Apoliom) é
identificado, tal como sucede como muitíssimos outros elementos do
Apocalipse, de muitas formas variadas. A seguir damos os principais
pareceres sobre Abadom ou Apoliom: (a) É possível que o “anjo- estrela” do
primeiro versículo (Ap 9.1) esteja aqui em pauta, portanto ele é quem tem o
poder de abrir o abismo; (b) as interpretações “simbólicas” não vêem aqui
qualquer “ser” em particular, mas apenas a manifestação do “princípio
do mal” de várias formas;
(c)
tradicionalmente, Satanás é reputado o “rei do mundo inferior”, a personificação
do mal e daquilo que ele produz neste caso, a “destruição”. Portanto,
vários intérpretes supõem que Satanás está em foco neste passo bíblico;
(d) há
precedentes, entretanto, para supor-se que o “rei do hades e Satanás são
personalidades distintas”. Se o vidente João alude aqui a esse tipo de tradição,
então o “rei” (o “destruidor”) neste caso será um elevado poder maligno, um
arcanjo das trevas, por assim dizer, mas não o próprio Satanás. Não
obstante, poderíamos supor que esse poder maligno está sujeito à
autoridade do diabo. Dentre essas interpretações, a de número quatro (d) é
a mais provável.
Aquele que
tem autoridade sobre o fogo
“E saiu do
Altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo...”. Esse Anjo é aquele que, cuja
missão é conservar o fogo aceso no altar celeste (Ap 14.18).
O anjo das
águas
“E ouvi o
anjo das águas que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és,
porque julgaste estas coisas” (Ap 16.5). Essa idéia é extraída da noção judaica
helenista de que cada elemento da natureza é controlado pelos anjos. Assim,
teríamos os anjos dos quatro ventos, do calor, da geada, das águas, do fogo, e
assim, interminavelmente. O anjo que aparece neste versículo tem por tarefa
guardar os suprimentos de água do globo terrestre.
Anjos que
controlam os ventos
“E, depois
destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra,
retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem
sobre o mar, nem contra árvore alguma” (Ap 7.1). Os anjos que se acham nos
quatro cantos da terra conservam presos os quatro ventos. Não lhes é permitido
soprar e nem destruir. Em Dn 7.2,3, vemos os quatro ventos do céu irrompendo
sobre o mar, provocando destruições imensas. Deus está no comando até do
vento. “E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te,
aquieta-te.
E o vento se aquietou, e houve grande bonança” (Mc 4.39).
Anjos
guardiões Das nações
“E olhei e
ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos;
e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares”
(Ap 5.11). A exemplo de Apocalipse Mateus 26.53, Hebreus 12.22, e
Salmos 68.17 indicam que os anjos a serviço de Deus são muito
numerosos.
Outras passagens indicam que eles observam os homens, prestando
serviços em prol de nações, comunidades e indivíduos (Hb 1.14; Mt 18.10; Sl
9.1; Dn 10.13; 12.1; Js 5.14). Os trechos bíblicos que dão apoio à
doutrina dos anjos guardiões são Jó 33.23; Dn 10.13; Mt 18.10; Hb 1.14 e Ap
1.20. 4.12.2.
Crença
judaica - Uma antiga doutrina judaica ensina que o anjo guardião tem a
semelhança ou aparência daquele a quem guarda, a que talvez seja refletido em
Atos 12.15. Essa idéia pode estar ligada à noção oriental do eu-superior
ou super-eu do indivíduo. Presumivelmente, a alma não é o elemento
superior do indivíduo, mas sim é um instrumento do eu-superior, que é a
verdadeira entidade. Esse super-eu é o homem em sua forma mais elevada, um
poderosíssimo ser espiritual. Nesse caso, o anjo guardião seria o próprio
homem, e a alma seria seu instrumento, tal como o corpo é o instrumento
da alma. Há muitos mistérios, e talvez o que aqui dizemos perscrute um
tanto esses mistérios, sem desvendá-los. Se esse conceito é veraz, então
o indivíduo é seu próprio anjo guardião, ou pelo menos, poderia ser,
embora esse anjo exista em uma outra dimensão de seu próprio ser.
Isso não negaria a existência de outros espíritos elevados, que poderiam
interessar-se em nossas vidas e aos quais poderíamos chamar
de “anjos”.
SUAS
ATRIBUIÇOES MINISTÉRIAS
No
ministério de Jesus
Na
eternidade passada (Sl 90.2), adoravam a Cristo “E, quando
outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de
Deus o adorem” (Hb 1.6). A expressão eternidade passada refere- se à
existência eterna de Deus, que não tem começo nem fim. Eternidade (hb. olam)
não significa em primeiro lugar que Deus transcende o tempo, mas, sim,
que é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó 10.5; 36.26). As Escrituras
não ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempo
presente,
onde não há nem o passado nem o futuro. Os trechos das Escrituras
que declaram a eternidade de Deus fazem-no em termos de continuidade,
e não de intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado como
passado, o presente como presente e o futuro como futuro.
Anunciaram o
seu nascimento
“Ora, o
nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada
com José, antes de se ajuntarem, rachou-se ter concebido do Espírito
Santo. Então, José, seu marido, como era justo se a não queria infamar,
intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isso, eis que, em
sonho, lhe
apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito
Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS,
porque ele salvará
o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc
1.26,28; 2.8,20. Um anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus, fato
registrado tanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam em
seus registros em declarar inequivocamente que Jesus
nasceu de
uma mãe virgem, sem a intervenção de pai humano, e que Ele foi
concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.34,35). A doutrina do nascimento virginal de
Jesus, de há muito vem sendo atacada pelos teólogos liberais. É inegável, no
entanto, que o profeta Isaías vaticinou a vinda de um menino, nascido de
uma virgem, que seria chamado Emanuel , um termo hebraico que
significa Deus conosco (Is 7.14). Essa predição foi feita 700 anos antes do
nascimento de Cristo. A palavra virgem é a tradução correta da palavra grega
parthenos, empregada na Setuaginta, em Is 7.14. A palavra hebraica significando
virgem (almah) , empregada por Isaías, designa uma virgem em idade de
casamento, e nunca é usada no Antigo Testamento para qualquer
outra condição da mulher, exceto a da virgindade (Gn 24.43; Is 7.14). Daí,
Isaías, Mateus e Lucas afirmarem a virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É
de toda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso
Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que
ser numa só pessoa, tanto Deus como homem impecável (Hb 7.25,26). O
nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas exigências.
(a) A única
maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma mulher.
(b) A única
maneira de Ele ser um homem impecável era ser
concebido
pelo Espírito Santo (Hb 4.15).
(c) A única
maneira de Ele ser deidade, era ter Deus como seu Pai.
A concepção
de Jesus, portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais,
daí, o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc
1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa divina, com
duas naturezas: divina e humana, mas impecável. Por ter vivido como ser
humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb 4.15,16).
Como o divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da
escravidão do pecado e do poder de Satanás (At 26.18; Cl 2.15; Hb 2.14;
4.14,15; 7.25). Como ser divino e também homem impecável, Ele preenche os
requisitos como sacrifício pelos pecados de cada um, e também como
sumo sacerdote, para interceder por todos os que por Ele aproximam-se
de Deus (Hb 2.9-18; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12). Eis a suprema importância
da intervenção angelical junto a José quando este intentava deixar
secretamente Maria (Mt 1.18,19).
Protegeram-No
na Sua infância
“E, tendo-se
eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos,
dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e
demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para
o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi
para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o
que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu
Filho. ...Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu,
num sonho, a José, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua
mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que
procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua
mãe, e foi para a terra de Israel”. Esses dois avisos da parte de Deus a
José, por meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que
Ele ama e Ele é quem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e
livrar seus fiéis das mãos dos que lhes querem fazer mal.
Acolheram
depois da tentação no deserto
“E, tendo
jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se
a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras
se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem
só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de
Deus” (Mt 4.2,3). “Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o
serviram” (Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depois teve fome, e a seguir foi
tentado por Satanás a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se
de alimento, mas não de água. Abster-se de água por 40 dias requer um
milagre. Uma vez que Cristo teve que enfrentar a tentação, como representante
do homem ele não poderia empregar nenhum outro meio para
vencê-la além do de um homem cheio do Espírito Santo (Êx 34.28; 1Rs 19.8; Mt
6.16). Por conseguinte, esperaria na providência do Pai, não precisaria
transformar pedras em pães para alimentar-se. A sua justa obediência é
recompensada pelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11).
Um dos
aspectos principais da tentação de Jesus girou em torno do tipo de Messias que
Ele seria e como empregaria a sua unção da parte de Deus. Jesus foi
tentado a utilizar sua unção e posição para servir a seus próprios interesses,
obter glória e poder sobre as nações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho
do sofrimento, e ajustar-se à expectativa popular de um Messias
sensacional. 5.1.5. Consolaram-no em sua luta espiritual no Getsêmani Em
oração no Getsêmani Jesus diz: “...Meu pai, se possível, passa de mim
este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt
26.39b). “E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava” (Lc 22.43). Sua
oração, no que diz respeito ao afastamento do cálice não foiatendida,
contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante um anjo do céu, que o
confortava. 5.1.6. Acompanharam toda sua vida ministerial Jesus falou
de anjos que subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse poder contar com
mais de 12 legiões de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53).
“E, sem
dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou
em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios,
crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3.16).
Observaram-no
na Sua ressurreição
A
ressurreição de Jesus Cristo (Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) é uma das
verdades essenciais do evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importância
da ressurreição de Cristo para os que nEle crêem? Ela comprova que
Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4). Garante a eficácia da
sua morte redentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a verdade das
Escrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízo futuro dos ímpios (At
17.30,31). É o fundamento pelo qual Cristo concede o Espírito Santo e a
vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45), e a base do seu
ministério celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.23-28). Garante ao
crente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e sua ressurreição
ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3; 1Ts 4.14ss). Ela põe à
disposição do crente, na sua vida diária, a presença de Cristo e o seu poder
sobre o pecado (Gl 2.20; Ef 1.18-20; Rm 5.10).
A
ressurreição de Cristo está bem comprovada historicamente. Depois de ressurgir,
Cristo permaneceu na terra por quarenta dias, aparecendo e falando com
os apóstolos e muitos outros seus seguidores. Suas aparições depois da
ressurreição são as seguintes: a Maria Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres
que voltavam do sepulcro (Mt 28.9,10); a Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam
a caminho de Emaús (Lc 24.13-32); a todos os discípulos, exceto Tomé
e outros com eles (Lc 24.36-43); a todos os discípulos num domingo à
noite, uma semana depois (Jo 20.26-31); a sete discípulos junto ao mar da
Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na Galiléia 1Co 15.6); a Tiago (1Co
15.7); aos discípulos que receberam a Grande Comissão (Mt 28.16-20);
aos apóstolos, no momento da sua ascensão (At 1.3-11); e ao apóstolo
Paulo (1Co 15.8).
E nesta
ocasião tão solene, de elevada significância, anjos do Senhor se fazem
presentes, testemunhando, confortando e dando orientações às visitantes
do túmulo vazio: “E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do
Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se
sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste branca
como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados
e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres:
Não tenhais
medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está
aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o
Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já
ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia;
ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito” (Mt 28.2-7).
Na sua
ascensão acompanharam
“E levou-os
fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu
que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E,
adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém” (Lc 24.50- 52). “E,
quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma
nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu,
enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de
branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para
o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de
vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.9,10,11).
Eles o
acompanharão na Sua segunda vinda
“E a vós,
que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar Senhor Jesus
desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo,
tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao
evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.7). Observamos
que embora Deus vá retribuir aos ímpios (2Ts 1.6) no começo da grande
tribulação (Ap 6), a retribuição completa (2Ts.6-9) ocorrerá somente no
fim da presente era, quando o “Senhor Jesus se manifestar desde o céu,
com os anjos do seu poder”, para julgar os ímpios (2Ts 7-10; Ap
19.11-21). Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc 9.26.
São ministradores
a favor dos santos
Entre as
múltiplas funções exercidas pelos anjos, destaca-se de maneira especial e particular
aquela que diz respeito à orientação e ministração do bem ao Povo de Deus. Nem sempre
podemos ter consciência da presença dos anjos, ainda que eles estejam ao
nosso redor. Nem sempre podemos predizer como eles aparecerão. Diz-se,
todavia, que os anjos são nossos vizinhos bem chegados. Com freqüência podem ser
nossos companheiros nas circunstâncias mais diversas, sem, contudo nos
apercebermos de sua presença. Pouco é o que sabemos acerca da sua constante
assistência. A Bíblia nos garante, entretanto, que um dia as “escamas” serão
retiradas dos nossos olhos, para que possamos ver e reconhecer em toda a plenitude as
coisas que desconhecemos, inclusive a atenção que os anjos nos dedicam. Muitas experiências
do Povo de Deus, tanto nos dias do Antigo Testamento como do Novo, bem
como nos dias pós-apostólicos indicam que os anjos nos têm auxiliado.
Há pessoas que poderão não ter sabido que estavam sendo ajudadas, porém a
visita era real. Existem nos
nossos dias muitos clássicos da literatura evangélica que tratam da forma como
muitos crentes nos tempos modernos, nas circunstâncias mais diversas,
foram confortados por anjos de Deus. Portanto, podemos contar com o auxílio dos
anjos, hoje.
Aplicadores
dos juízos de Deus
Deus, por
seu ilimitado poder, detém consigo elementos não só de edificação, mas também
de destruição. Nos domínios da natureza, em particular, Ele tem usado o
vento, a água, e o fogo, como elementos de manifestação da sua ira. Porém, no campo
espiritual, Ele usa seus anjos, principalmente quando a ação visa à
defesa do Seu Povo e o abatimento dos “poderosos” da Terra. Os anjos são
responsabilizados pela morte dos primogênitos do Egito, pela destruição
de Sodoma e Gomorra, pela destruição do exército assírio nos dias de Ezequias,
pela ameaça de iminente destruição da cidade de Jerusalém nos dias de Davi,
pela punição de Herodes Agripa, por contender com o Diabo por causa do corpo de
Moisés. Na Bíblia,
parece que nenhum outro texto fala de forma tão conclusiva da ação heróica dos
santos anjos na execução das guerras e dos juízos de Deus, como o SI 104.4,
que diz: “... fazes a teus anjos ventos e
a teus ministros, labaredas de fogo...”.
Comunicadores
das Boas-Novas
As
Escrituras estão cheias de grandes eventos no cumprimento dos quais os anjos de
Deus desempenharam papel decisivo, como comunicadores de boas- novas e da
misericórdia divina. Particularmente no Antigo Testamento, eles anunciaram o
nascimento de lsaque e de Sansão. Já no Novo Testamento, eles anunciaram o
nascimento de João Batista; o nascimento, ressurreição e volta de Jesus
Cristo.
Como vemos,
Deus usou os seus anjos para anunciar o nascimento do maior personagem
do Novo Testamento, bem como do seu precursor, a ressurreição e a volta
triunfal de Cristo. Certamente que Deus pode usar ainda hoje os seus anjos como
comunicadores da sua vontade, e nada poderá impedi-lo de fazer, desde que isto
contribua para a Sua Glória. Porém, ao crente de hoje é conferida a maior responsabilidade
do que aos anjos, referente à comunicação das Boas-Novas do Reino de
Deus.
Como
espectadores da obra de Deus
Em quatro
exemplos lemos que os anjos foram espectadores. Em Lc 15.10 eles observaram a
alegria do Senhor por um pecador que se arrepende. Não é a alegria dos
anjos, como se supõe freqüentemente (Jd 24). Em Lc 12.8-9, Cristo disse:
“...digo vos ainda: Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o
Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus, mas o que me negar diante
dos homens, será negado diante dos anjos de Deus...”. Assim, também, toda
a vida terrena de Cristo foi “contemplada por anjos” (1Tm 3.16). Em Ap 14.10-11,
os anjos observam o infortúnio eterno daqueles que “adoram a besta e a sua
imagem”. Por outro lado, a Igreja, segundo predição, julgará os anjos (1Co 6.3), apesar
de que, atualmente, esteja tão pouco preparada até mesmo para julgar as
coisas da Terra.
Executores
de juízos divinos
Foram
portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17); trouxeram respostas às orações (Dn
9.21-23; At 10.4); serviram em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22); protegeram
os santos que tementes a Deus que se afastaram do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn
6.22; At 12.7-10); castigaram os inimigos de Deus (2Rs 19.35). 5.7. Desempenharam
uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl
3.19; Hb 2.2). “...Vós que
recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes” (At 7.53). Veja
o contexto de GI 3.19: “...a lei..., foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro”.
Moisés falava, e Deus respondia em alta voz. Agora com a presença de Deus na
montanha, tudo mudou de aspecto. A montanha inteira pareceu pulsar de vida. O
terror se apoderou do povo embaixo. A terra pareceu abalada por meio obscuro.
Quando Deus veio ao topo da montanha, estava acompanhado de milhares de
anjos (SI 68.8-17). Moisés, testemunha silenciosa e solitária deveria ter sido
dominado por uma grande visão, ainda que não fosse a totalidade das forças de
Deus. Abala a imaginação pensar que espécie de manchete teria ocorrido
ali. “E tão terrível era a visão que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo”
(Hb 12.21a). Observa-se que a aparição de Deus cercada de seres angélicos
foi imensamente gloriosa. Ele resplandeceu como o sol quando ganha força no
firmamento. Mesmo Seir e Parã, duas montanhas a alguma distância, foram
iluminadas pela Glória Divina que apareceu no monte Sinai, refletindo alguns de
seus raios; tão brilhante foi a aparição de Deus e Seus ministros e tanto empenho de
relatar as maravilhas da providência divina, que até “...raios
brilhantes
saíam da sua mão...” (SI 18.7,8; Hb 3.3). Além desta aparição de anjos ao lado do
seu Criador, o ministério angelical é proeminentemente desenvolvido no Antigo
Testamento. H. Halley observa que os anjos estão presentes em quase todos os
acontecimentos tanto do Antigo como do Novo Testamento. Eles afloram por toda a
Bíblia!
Executam sem
questionar qualquer comando de Deus
Sob as
ordens de Deus um anjo feriu a 70 mil escolhidos de Israel no tempo de
Davi.
“Então, enviou o SENHOR a peste a Israel, desde pela manhã até ao tempo
determinado;
e, desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo.
Estendendo,
pois, mo Anjo a sua mão sobre Jerusalém, para a destruir, o
SENHOR se
arrependeu daquele mal; e disse ao Anjo que fazia a destruição entre
o povo:
Basta, agora retira a tua mão. E o Anjo do SENHOR estava junto à eira de
Araúna, o
jebuseu. E, vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e
disse: Eis
que eu sou o que pequei e eu o que iniquamente procedi; porém estas
ovelhas que
fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu
pai” (2Sm
24.15-17).
Prestam
socorro sob o comando divino
Obedecendo a
Deus um anjo acudiu Elias quando fugia da fúria de Jezabel. “E deitou-se e
dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse:
Levanta-te e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre
as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar- se. E o anjo
do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque
mui comprido te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e
bebeu, e,
com a força daquela comida, caminhou quarenta dias de quarenta noites até Horebe,
o monte de Deus” (1Rs 19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modo
compassivo e amorável (Hb 4.14,15). Permitiu que Elias dormisse; fortaleceu-o
com alimentos; propiciou-lhe uma revelação inspiradora do seu poder e presença;
concedeu-lhe nova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel e
fraterno. Noutras palavras, quando o filho de Deus enfrenta o desânimo, no desempenho
que Deus lhe confiou, ele pode suplicar a Deus, em nome de Cristo,
que lhe dê
força, graça e coragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6; 7.25).
Estão sempre
prontos para agir
Por divina
revelação Eliseu, certa manhã, viu-se cercado de anjos invisíveis aos olhos de seu
criado e visíveis aos seus. “Então, enviou para lá cavalos, e carros, e um grande
exército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. E o moço do homem de
Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com
cavalos e carros; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? E
ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que
os que estão
com eles. E orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para
que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava
cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.14- 17). Existe
um mundo espiritual invisível, que consiste nas hostes de anjos ministradores,
que estão ativos na vida do povo de Deus (Gn 32.1,2; Sl 91.11; 34.7; Is
63.9). Desse ocorrido podemos assimilar vários princípios: Não somente Deus está a
favor do seu povo (Rm 8.31), como também exércitos dos seus anjos estão
disponíveis, prontos para defender o crente e o reino de Deus (Sl 34.7). Por conseguinte
todos os que crêem na Bíblia devem orar continuamente para Deus livrá-los da
cegueira espiritual e abrir os olhos dos seus corações para verem mais claramente a
realidade espiritual do reino de Deus (Lc 24.31; Ef 1.18-21) e suas hostes
celestiais (Hb 1.14). Os espíritos ministradores de Deus não estão distantes,
mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2), observando os atos e a fé dos filhos de Deus e
agindo em favor deles (At 7.55-60; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm 5.21).
Sabemos que
a verdadeira batalha no reino de Deus não é contra a carne e o sangue. É
uma batalha espiritual “contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”
(Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef 6.11). Concluímos que há um relacionamento de causa e
efeito nas batalhas espirituais; o resultado das batalhas espirituais é determinado
parcialmente pela fé e oração dos santos (Ef 6.18,19; Mt 9.38).
Atuam em
situações adversas
Durante o
cativeiro babilônico, um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões. “O meu Deus
enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem
dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei,
não tenho cometido delito algum” (Dn 6.22). A cova dos leões era subterrânea,
tendo uma abertura na parte superior. Uma pedra grande cobria a abertura, e
o selo do rei significava que a cova não podia ser aberta sem a sua
autorização.
Daniel, por ser íntegro e ter um “espírito excelente”, era admirado pelo rei,
que também honrava o seu Deus. Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu decreto,
manifestou a esperança de que Deus livraria Daniel. Possivelmente ele ouvira
falar do livramento que Deus concedera aos três amigos de Daniel, no caso da
fornalha de fogo ardente (Dn 3.6,23-29). O rei procurou encorajar Daniel a crer no seu
Deus, mas sua atitude na manhã seguinte não demonstrava confiança de que
Daniel estivesse vivo. Mas o anjo de Deus fechou a boca dos leões diante do profeta
fiel, e este estava são e salvo. Este livramento levou Dario a dar testemunho
do poder do Deus que é maior do que o poder dos leões. Note-se também que o
significado do nome de Daniel, “Deus é meu juiz”, cumpriu-se na própria
experiência do profeta. Ele foi vindicado pelo Senhor, e considerado justo por sua
decisão de não se contaminar, para manter a pureza da lei de Deus e por sua
fidelidade na oração.
Auxiliam os
filhos de Deus na produção de textos
Um anjo
ajudou a Zacarias na redação de seu livro (Zc 1.9; 2.3 e 4.5). Durante todo o
período da Antiga Aliança os anjos estiveram presentes na vida de muitos personagens
da Bíblia. Podemos fazer outras citações, tais como; 1Rs 13.18; Jó 4.15,16; SI
34.7; Zc 3.3 etc. Ora, estas aparições ou intervenções angélicas na vida destas
pessoas, são apenas manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjos
estiveram presentes, porém invisíveis aos olhos humanos.
Estão
presentes não dificuldades dos que prestam serviço a Deus
A Igreja
Primitiva teve seu princípio de formação auxiliada e protegida por estes seres
celestiais. Vejamos: dois anjos foram testemunhas da ascensão de Cristo (At
1.10,11); um anjo abriu as portas da prisão e soltou os apóstolos Pedro e João (At 5.19);
um anjo encaminhou Filipe, o Evangelista, ao eunuco etíope (At 8.28);
um anjo
soltou Pedro da prisão (At 12.7-9); um anjo orientou o Centurião Cornélio, a chamar a
Pedro (At 10.3); um anjo feriu Herodes e ele morreu comido de bichos (At 12.23);
um anjo esteve com Paulo indo à Roma (At 27.23). No final da
presente era atuarão grandemente Os anjos no
livro do Apocalipse são proeminentes. Por exemplo, um anjo dirigiu a redação do
livro para João (Ap 11.1; 22.6,16). Cerca de 71 vezes, os anjos são nele
mencionados com missão especial. Não é imaginação, mas realidade, que os anjos são
nossos conservos de mil maneiras. Nenhuma verdade está mais estabelecida
pelas Escrituras do que a declaração de Hb 1.14, que diz “serem estes seres
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. Deus mandará
um anjo para completar a pregação do “Evangelho do Reino”. Na passagem de
Apocalipse 14.6, está pintado literalmente a missão deste mensageiro.
“... e vi outro anjo voar pelo
meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, para
proclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda a nação, tribo, e língua, e povo”. Duas
pregações deste Evangelho são mencionadas nas Escrituras, uma passada,
começando com o ministério de João Batista e terminando com a rejeição do
seu Rei pelos judeus. A outra ainda é futura (Mt 24.14), durante a Grande
Tribulação, e imediatamente antes da vinda em Glória de Cristo. Isso será feito pelo
anjo do presente texto. Este Evangelho será pregado logo no fim da Grande
Tribulação e imediatamente como já dissemosacima, antes do julgamento das nações
viventes (Mt 25.31-46). Estas “Boas-Novas” são universais e abrangem
“toda a criatura”.
Na cura
divina
Uma outra
cooperação angelical no que diz respeito à pessoa humana, prende-se ao fato de
cura divina. Embora um pouco escasso, a passagem de João 5.4 ilustra o
significado do pensamento. Ali vemos um anjo de Deus trazendo cura para os enfermos,
“descia em certo tempo, ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia,
depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse”. Em
muitas outras passagens tanto do Antigo como do Novo Testamento, observamos
os anjos cooperando com Deus e os homens no plano da redenção
(Êx
23.20,23; Jó 33.23; Dn 9.24-27; Hb 1.14; 1Pe 1.12).
No conforto
e consolação
Esta
cooperação angelical prende-se ao ministério da “consolação” e do “conforto”.
Sua presença pode tranqüilizar e confortar em tempos de crise argumenta
Billy Graham (Anjos, os agentes secretos de Deus), Daniel também afirma isto
no capítulo 10.19 do seu livro. Veja! “... e,
falando ele (o anjo) comigo, esforcei-me,
e disse: Fala, meu senhor, porque me confortaste...”. Nosso amado Salvador,
apesar de ser Senhor dos anjos, foi também certa vez confortado por um deles.
“...e apareceu-lhe um anjo (Gabriel?) do Céu, que o confortava...” (Lc 22.43; Hb
5.7). O profeta Zacarias teve também similar experiência quando Deus pôs na boca
do anjo intérprete “palavras consoladoras”, as quais foram transmitidas
para o profeta (Zc 1.13b). Outras passagens similares, tanto do Antigo como
do Novo Testamento, poderiam ser aqui anotadas, mas somente catalogamos
estas para expressar o significado do pensamento.
SATANOLOGIA
Em tempos
remotos, houve rebelião entre os seres espirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt
25.41; 2Pe 2.4). O mais elevado dos anjos “querubim ungido”, encabeçou essa rebelião.
Por certo há muitas ordens de seres angelicais, algumas dotadas de grande poder, e
outras de poder inferior aos homens, algumas elementares, talvez similares aos animais
irracionais, e outras com inteligência ainda inferior aos irracionais.
O Fato de
sua Queda
Tudo nos
leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição. Quando nos
referimos ao relato da criação em Gn 1, lemos sete vezes que o que Deus havia feito
era bom. No último versículo desse capítulo, lemos “viu Deus tudo quanto
fizera, e eis que era muito bom”. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em
santidade quando originalmente criados. Não poucos teólogos acham que Ez 28.15
se refere a Satanás. Assim sendo, então ele é definitivamente mostrado
como tendo sido criado perfeito. Todavia, diversas passagens mostram alguns dos
anjos como maus (Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11; 12.7-9), isto se deve ao fato de
terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2Pe
2.4). Não há dúvida que Lúcifer tenha sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se
refere a ele como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva, e lamenta a sua queda.
Ez 28.15-17 semelhantemente descreve sua queda. Não pode haver dúvidas,
portanto, de que houve realmente uma queda para alguns dos anjos.
A Época da
sua Queda
A Escritura
silencia quanto a este ponto; mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes
da do homem, já que Satanás entrou no Jardim sob a forma de serpente e
induziu Eva a pecar.
A Causa de
sua Queda
Este é dos
profundos mistérios da teologia. Mostramos acima que os anjos foram criados
perfeitos. Isto significa que toda a afeição de seus corações era dirigida por Deus. A
questão é: como pôde tal ser cair? Como pôde a primeira afeição menos santa
brotar em tal coração, e como pôde a vontade receber o primeiro impulso para
se afastar de Deus? Diversas soluções para o problema têm sido propostas.
Vamos ver algumas delas:
A primeira é
a de que tudo que existe se deve a Deus. Os que crêem nesta doutrina
afirmam que, portanto, Ele deve ser o autor do pecado também. Replicamos
que se Deus for o autor do pecado e aí condenar a criatura por cometer
pecado, então não temos um universo moral.
A segunda é
a crença de que o mal resulta da natureza do mundo. É assim que crêem todos
os sistemas pessimistas, do budismo até os nossos tempos. Arthur Schopenhauer,
filósofo alemão (1788-1860) afirmava que a existência do mundo era o maior
de todos os males e a fonte de todos os outros males. Eduard Von Hartmann,
filósofo alemão (1842-1905) chamou a criação de crime imperdoável. Mas as
Escrituras declaram repetidamente que tudo que Deus fez é bom; e
positivamente
rejeitam a idéia de que a natureza é inerentemente má (Cl 2.20-22). A terceira é
a idéia de Georg W. Friedrich Hegel, filósofo alemão (1770-1831), bem como da
maioria dos evolucionistas, a saber: que o mal resulta da naturezada criatura.
Eles afirmam que o pecado é um estágio necessário no desenvolvimento
do espírito. É simplesmente um progresso de baixíssimas origens da
existência, através do desenvolvimento evolucionário até os mais altos
pontos.
As
Escrituras desconhecem um tal desenvolvimento evolucionário e vê o universo e as
criaturas como originalmente perfeitas. É bom lembrar que a criatura tinha originalmente
o que os teólogos latinos chamavam de “posse pecare et posse non pecare”,
isto é, a capacidade de pecar e a capacidade de não pecar. Ela foi colocada na
posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas sem ser constrangida
a fazer uma ou outra coisa. Em outras palavras, sua vontade era autônoma.
A quarta
idéia, apoiada em bases bíblicas, é de que a queda do “querubim ungido” resultou de
sua própria escolha. Deus estabeleceu a sua soberana vontade para ser
obedecida e apreciada por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não seria obedecida
por força, mas livremente. É por esse princípio bíblico que podemos entender a
causa da queda. A Escritura de Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei
Nabucodonosor, um rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O que precedeu a
queda do “querubim” foi a sua ilusão e engano acerca do seu próprio
poder nas
hostes angelicais. Imaginando-se superior a todos os demais anjos criados,
pretendeu tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativas descritas em Isaías 14.13,14
revelam as pretensões do “querubim”.
A primeira
afirmativa foi “eu subirei ao céu”. Uma tentativa de estar acima de toda a criação e
do próprio Deus. As expressões “eu subirei ao céu” , e “estavas no Éden, jardim
de Deus” devem ser analisadas a luz de “como caíste do céu”, a fim de que o
Éden, aqui em apreço, não seja confundido com o Éden terrestre. Naqueles
primórdios o jardim do Éden fora preparado com tanto magnificência para o
“querubim”, “o perfeito em formosura” que descarta a idéia de um Éden mineral. O
Éden magnífico e riquíssimo do “querubim” existiu antes do Éden de Adão e Eva e
com certeza, em outra dimensão e glória, tratava-se de um Éden metafísico,
espiritual. A pomposa descrição de Ezequiel, embora nos mostre haver sido o Éden
um reino mineral das pedras preciosas, isto se dar apenas a título de conotação,
ao passo que, segundo Gn 2.5-15, o Éden de Adão era de natureza vegetal e
mineral. Aquele era espiritual, criado para um ser espiritual, e este material,
físico, pois seria o habitat de nossos pais, não confundamos, portanto, os Edens. A
segunda, “acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”. Quando se refere às
estrelas de Deus, ele estava falando dos demais anjos criados. A terceira,
“no monte da congregação me assentarei”. O monte da congregação refere-se ao
lugar do trono de Deus onde ele queria assentar-se. A quarta, “subirei acima das
mais altas nuvens”. Mais uma vez, ele revela sua intenção presunçosa de
superioridade. A quinta “serei semelhante ao Altíssimo”. Aqui estava a mais grave das
pretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em posição unilateral em
relação ao
Criador.
Devemos,
portanto, concluir que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta auto
determinada contra Deus. Foi sua escolha, de si próprio e seus interesses em lugar de
escolherem a Deus e Seus interesses. Se indagarmos que motivo em particular
pode ter estado por trás dessa rebelião, parecemos obter diversas respostas
das Escrituras. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas como
possíveis causas. O rei de Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e diz-se que ele caiu
devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambição desmedida e o desejo de ser mais que
Deus parecem outra causa. O rei da Babilônia é acusado de ter essa ambição, e
ele também simboliza Satanás (Is 14.13,14). A queda de Lúcifer foi inevitável e
conseqüente. Sua avidez irrefreada de querer ser igual a Deus, aguçou o
interesse de grande número de anjos que resolveu acompanhá-lo. Por esse ato
pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais e
condenado a execração eterna. Mas ele continua como o instigador do pecado no
mundo (Rm 7.14).
O Resultado
de sua Queda
As
Escrituras registram diversos resultados decorrentes sua queda, entre eles
alistamos
que:
a) Todos
eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em
natureza e
conduta (Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap 12.9);
b) alguns
deles foram lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o
dia do
julgamento (2Pe 2.4);
c) outros
permaneceram em liberdade e trabalham em definida oposição à obra
dos anjos
bons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21; Jd 9);
d) pode
também ter havido um efeito sobre a criação original em Gn 1;
e) eles
serão, em um dia futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu
julgamento
(1Co 6.3), no lago de fogo (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).
Outrossim,
discordamos da idéia de que a redenção de Cristo tenha incluído os anjos
caídos, como querem alguns teólogos. O estado de condenação dos “anjos caídos” é
irreversível, assim como é imutável, a situação daqueles que partiram para a
eternidade sem Cristo (Ap 20.10). “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de
fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão
atormentados para todo o sempre”. O poder de Satanás acabará então, pois Deus o
lançará no lago de fogo para todo o sempre (Is 14.9-17). Ali, ele não
reinará,
sendo sempre atormentado, dia e noite, eternamente. Finalmente,
seria bom que os que advogam salvação para o diabo e seus anjos, observassem
os textos bíblico, que alistamos na seqüência:
a) Anuncia “tribulação
e angústia” (Rm 2.9).
b) “Pranto e
ranger de dentes” (Mt 22.13; 25.30).
c) “Eterna
perdição” (2Ts 1.9).
d) “Fornalha
de fogo” (Mt 13.42,50).
e) Preconiza
“cadeias da escuridão” (2Pe 2.4).
f) Do
“tormento eterno” (Mt 25.46), de um “inferno” e de um “fogo que nunca se
apaga” (Mc
9.43).
g) De um
“ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20).
h) E onde “a
fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm
repouso, nem
de dia nem de noite” (Ap 14.11).
Os Anjos
Maus
Eles estão
divididos em duas classes distintas: os livres e os prisioneiros. Aqueles que estão
livres andam pelas regiões celestiais sob o governo de seu príncipe e líder,
Satanás, que é o único que recebe menção específica na Bíblia (Mt 12.24; Mt 25.41).
Esses espíritos malignos em liberdade, sob o comando de Satanás, de quem são
emissários e súditos (Mt 12.26), são tão numerosos que estão em todo o lugar. Os
anjos caídos que estão presos são aqueles que abandonaram sua própria
habitação, e tornaram-se tão depravados ou maus, que Deus os encerrou no abismo
(tártaro, Jd v.6; Ap 9.1,2,11).
Os Anjos que
são Mantidos Aprisionados.
Tanto o
apóstolo Pedro como Judas irmão de Tiago (2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao
se referirem aos mesmos anjos. Pedro diz que eles pecaram e que Deus
os precipitou no Tártaro, entregando-os ao abismo de trevas e reservando-os
para juízo. Judas apresenta seu pecado como sendo o de
haverem
abandonado seu próprio principado e domicílio. Pode ser que Judas
estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 da Septuaginta. Lá afirma que
Deus dividiu as nações “de acordo com o número dos anjos de Deus”.
Assume-se que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma das
nações. O fato de que várias nações estão assim sob um ou outro desses
príncipes “angélicos” é evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1; 12.1).
Deixar seu próprio principado poderia assim significar infidelidade no cumprimento
de seus deveres; mais provavelmente significa que eles tentaram
obter um principado mais cobiçado. Como castigo do seu pecado, Deus os
precipitou no Tártaro. É só aqui que esta palavra aparece no Novo Testamento.
Para Homero poeta grego, autor dos épicos Ilíada e Odisséia (séc. IX
a.C.), o Tártaro é um lugar sombrio abaixo do Hades. Se os homens maus
descem ao Hades, não parece improvável que Tártaro, o lugar onde
os anjos maus estão confinados seja ainda mais abaixo. Seu castigo
consiste de estarem confinados em abismos de trevas e estarem presos por
algemas eternas, reservados para o juízo do grande dia. As algemas são
“eternas” (gr. aidiois), no sentido de que nunca se desgastam. Serão
usadas, entretanto, apenas até o dia do juízo, ocasião em que serão lançados no
lago do fogo.
Os Anjos
Maus que estão em Liberdade.
Estes são
normalmente mencionados em conexão com Satanás, seu líder (Mt 25.41;
Ap 12.7-9). Mas, Sl 78.49; Rm 8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles
separadamente. Estão, é claro, incluído em “todo principado e potestade, e
poder, e domínio” (Ef 1.21), e são mencionados especificamente
em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupação é a de apoiar seu líder
Satanás na luta dele contra os anjos bons e o povo e a causa de Deus.
Satanás
Satanás (gr.
Satã, que significa adversário), foi antes um elevado anjo, criado perfeito e
bom. Foi designado como ministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo,
antes de o mundo existir, rebelou-se e tornou-se o principal adversário
de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). Satanás na sua rebelião contra Deus
arrastou consigo uma grande multidão de anjos inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitos
desses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e sua
atmosfera
circundante, onde operam limitados segundo a vontade permissiva de
Deus.
Satanás,
também chamado “a serpente”, provocou a queda da raça humana (Gn 3.1-6).
Nesse episódio, a serpente levantou-se contra Deus através da sua criação.
Declarou que aquilo que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, ela foi a
causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raça humana que ele fizera à sua
imagem. A serpente é posteriormente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap
12.9; 20.2). Certamente Satanás controlou a serpente e usou-a como instrumento
para efetuar a tentação (2Co 11.3,14).
Todo o Mundo
está no Maligno.
Nunca
compreenderemos adequadamente o Novo Testamento a não ser que reconheçamos
o fato subjacente nele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno,
e o seu poder controla o presente século mau (Lc 13.16; 2Co 4.4; Gl 1.4; Ef
6.12).
As
Escrituras não ensinam que Deus hoje controla diretamente este mundo ímpio, cheio de
gente pecaminosa, de maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade etc. Deus
não deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo o sofrimento que há no mundo;
nem tudo quanto aqui ocorre procede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica que
atualmente o mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião contra seu
governo e sob o domínio de Satanás. Por causa dessa condição, Cristo veio a
morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com Deus (2Co 5.18,19). Nunca devemos
afirmar que “Deus está no controle de tudo”, a fim de esquivar-nos da responsabilidade
de lutar seriamente contra o pecado, a iniquidade ou a mornidão espiritual.
Há, no
entanto, um sentido em que Deus está no controle do mundo ímpio. Deus é soberano e,
portanto, todas as coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e
controle ou, às vezes, através da sua ação direta, de conformidade com o seu
propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era da história, Deus tem limitado
seu supremo poder e domínio sobre o mundo. Esta limitação é apenas
temporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá
toda a iniquidade e o próprio Satanás (Ap 19.20). Somente
então é que “os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e
ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). O império do
mal sobre o qual Satanás reina é altamente organizado e exerce autoridade
sobre regiões do mundo inferior, os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos (Jo
12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2Co 4.4). Satanás não é onipresente,
onipotente, nem onisciente; por isso a maior parte da sua atividade é delegada a
seus inumeráveis demônios (Ap 16.13,14).
Jesus veio à
terra a fim de destruir as obras de Satanás (1Jo 3.8), de estabelecer o reino de
Deus e de livrar o homem do domínio de Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19;13.16; At
26.18). Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás e ganhou a vitória
final de Deus sobre ele (Hb 2.14). No fim da
presente era, Satanás será confinado ao abismo durante mil anos (Ap20.1-3).
Depois disso será solto, após o que fará uma derradeira tentativa de derrotar
Deus, seguindo-se sua ruína final, que será o seu lançamento no lago dofogo (Ap
20.7-10).
Satanás
atualmente guerreia contra Deus e seu povo (Ef 6.11-18), procurando desviar os
fiéis da sua lealdade a Cristo (2Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o
sistema do mundo (1Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livramento
do poder de Satanás, para manter-se alerta contra seus ardis e tentações
(Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual, permanecendo firme na fé(Ef
6.10-18).
A
Personalidade de Satanás
O
substantivo personalidade vem do grego idiótens etos, que significa propriedade particular,
caráter próprio. Pessoa na língua grega é um substantivo feminino referente a
um homem ou uma mulher - antropos, substantivo masculino -, e no termo
gramático e teológico prósopon, que significa face, figura, gesto, olhar, aspecto,
máscara, papel, personagem. Personalidade significa forma de vida caracterizada
por uma existência alto consciente que possui intelecto, emoções e vontade. É,
portanto, o caráter essencial e exclusivo de uma pessoa; aquilo que a distingue de
outra. Na psicologia é a individualidade consciente. O exposto supra
justifica-se pelo fato de que atualmente existe uma forte tendência,
entre os professores modernistas, em eliminar a personalidade de Satanás.
Falam a respeito do que era antigamente chamado de “diabo” como sendo
simplesmente o “mal”. As Escrituras exprimem com freqüência relativamente
a personalidade de Satanás. Assim sendo, pronomes pessoais são usados para
se referir a ele (Jó 1.8,12; 2.2,3,6; Zc 3.2; Mt 4.10; Jo 8.44); atributos pessoais lhe
são consignados (Is 14.13,14 – vontade, Jó 1.9,10 – conhecimento); e atos
pessoais são desempenhados por ele (Jó 1.9-11; Mt 4.1-11; Ap 12.7-10). Conseqüentemente,
é bom que saibamos que Satanás não é um símbolo mitológico
do mal. É um ser vivo, real, inteligente. Não podemos esquecer que seu nome
verdadeiro é Lúcifer (heb. hekb), portador de luz. Ele foi dotado de livre arbítrio,
perfeito quanto as suas ações. Toda a sua personalidade e caráter eram
perfeitos
como a luz é perfeita na sua própria essência; ele não é a luz, Deus é luz, mas na
permissão divina ele refletia, ele estava sempre participando da glória e da luz
divina.
O Estado
Original de Satanás
No livro do
profeta Ezequiel 28.1-2 um governador é apresentado como o príncipe de Tiro. Ele
é descrito como um homem que se tornou tão frívolo quanto as suas riquezas e
inteligência, a ponto de reivindicar ser igual a Deus. “Veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta lamentações contra o rei de Tiro, e
diz-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e
formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus, de todas as pedras preciosas te
cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o
carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos;
no dia em que foste criado foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda,
ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das
pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28.11-15).
No texto
supra encontramos Deus lamentando por essa pessoa; ele – sinete da perfeição,
cheio de sabedoria e formosura, querubim da guarda, ungido etc. Era, por
conseguinte, o mais perfeito, o mais belo, e mais sábio de toda a criação de Deus!
Estaremos em
condições de entender quão perfeito é o perfeito? Ele é chamado de “querubim
da guarda, ungido”. Querubim é um ser angélico de elevada categoria
associado com a presença santa de Deus e sua glória. Ele é chamado “o ungido”,
o que indica favor supremo de Deus. “Ungido” é a mesma palavra que se usa
falando do Messias, rei ungido de Deus. Esta pessoa era o governador e líder dos
seres angélicos e evidentemente os guiava em seu louvor a Deus e júbilo. A
palavra hebraica traduzida “da guarda” em Ezequiel 28.14 e 16 significa literalmente
“quem conduz”. Observamos, ainda que lhe foram dadas todas as jóias
fabulosas, indicando também sua categoria exaltada. Ele estivera no “Éden, jardim de
Deus” e “no monte santo de Deus”. Ele andava “no brilho das pedras”, o que é um
símbolo amiúde usado para indicar a presença santa de Deus. Tal descrição
não poderia aplicar-se a um mero ser humano. Entretanto,
foi perfeito até “que se achou iniqüidade nele”. Esta falta de equidade marcou a
queda de Lúcifer e a origem de Satanás (Is 14.12-14).
É importante
observar que Deus Se dirige a Satanás mediante a pessoa do príncipe de
Tiro (Ez 28). Satanás é a fonte invisível da arrogância e auto- deificação
deste príncipe. Scofield (Bíblia de Estudo), descreve outros casos de tratamento
indireto com Satanás mediante um homem ou outra criatura: quando Deus Se
dirigiu à serpente no jardim, em Gênesis 3.14; quando Jesus falou a Satanás
através de Pedro, em Mateus 16.23. “A visão não é de Satanás em sua própria
pessoa, mas de Satanás em seu desempenho num rei terreno e através desse rei
que se arroga honras divinas”.
A relação
figurada com o Rei de Tiro (Ez 28.1-10)
No devido
contexto, a profecia de Ezequiel contra o rei de Tiro contém uma referência velada
a Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo
(2Co 4.4; 1Jo 5.19). O rei é descrito como um visitante que estava no jardim do
Éden (Ez 28.13), que fora um anjo, querubim ungido (Ez 28.14), e uma criatura
perfeita em todos os seus caminhos, até que nela se achou iniquidade
(Ez 28.15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (Ez 28.17), foi precipitado
do monte de Deus (Ez 28.16,17; Is 14.13-15).
Nos
primeiros dez versículos, o rei de Tiro é apresentado literalmente como alguém
conhecido na história como Thobal (ou Ithobaal II) que reinou em 586 a.C. Naquele
período, Thobal, como rei de Tiro, uma cidade-reino, encheu-se de orgulho e
presunção, imaginando-se um deus. No versículo 2, o profeta fala do “príncipe de
Tiro” e no versículo 12 fala do “rei de Tiro”. Na primeira parte quando fala do
“príncipe”, apresenta-o como um homem vaidoso e presunçoso, que se imaginava um
deus. Porém, o texto quando fala do mesmo personagem no versículo
12, passa a ter um sentido mais espiritual, e desse modo, entende-se que se
trata, comparativamente, de outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual
do príncipe literal. Thobal, o príncipe, imaginava a sua cidade como inexpugnável
por estar construída sobre uma rocha.
O pecado
maior do rei de Tiro era o orgulho, que o levou a exaltar-se qual divindade.
Por isso, ele sofreria o julgamento divino e desceria à cova como todos os mortais
(Ez 28.8). Muitos hoje, especialmente os que foram enganados pelos ensinos da
Nova Era, crêem que realmente são deuses, ou que estão se tornando deuses.
Esses enganadores e suas vítimas, caso não se convertam a Deus, receberão a
mesma condenação do rei de Tiro.
Algumas
características originais antes da queda
O texto (Ez
28.12-16) indica que Lúcifer era possuidor de elevada distinção e detentor de
honrosos títulos e posições, conforme destacaremos a seguir:
a) “o
aferidor da medida” (v. 12). A palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original
hebraico, porque significa que ele era a imagem, perfeita da criação
divina e uma imagem refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio
de ser a mais bela e inteligente criatura de Deus (v. 12). Nele se encontrava a
medida perfeita da criação daquilo que Deus queria.
b) “estavas
no Éden, jardim de Deus” (v.13). A menção sobre pedras preciosas existentes
no Jardim do Éden tem um sentido figurado para ilustrar os privilégios
dessa criatura chamada Lúcifer, personificada no texto como “o rei de
Tiro”. O ornamento de pedras preciosas desse personagem indica a grandeza e a
beleza de sua aparência. Era um tipo da glória tipificada e
representada
por Lúcifer antes da queda.
c) “no dia
em que foste criado” (v. 13). É importante essa expressão porque declara que
Lúcifer é um ser criado por Deus. Como criatura de Deus não lhe dava o
direito de imaginar-se tão superior a ponto de querer ser igual a Deus.
d) “querubim
ungido para proteger” (v. 14). Na descrição profética de Ezequiel, Lúcifer
pertencia a mais alta classe de seres angélicos. Sua relação com Deus
manifestava-se em sua função específica de proteger o trono de Deus. Esse
ministério de proteção dos querubins tem a ver com a incumbência
de preservar toda a criação divina (Gn 3.24; Êx 25.17-20; Sl 80.1).
e) “perfeito
eras nos teus caminhos” (v. 15). A frase tem na conjugação verbal do verbo ser
no passado “eras”, a história antiga de Lúcifer, como alguém que escondia
em seu interior a iniquidade da vaidade e do orgulho. 6.6.6. Nomes que
designam Satanás Satanás é um
ser inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíblia inteira o apresenta resistindo a
Deus e perturbando a paz das nações com guerra, destruição e misérias. As
Escrituras se referem a este ser poderoso através de substantivos próprios e
pronomes pessoais diferentes, como:
a) Satanás
(1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap 20.2 etc.). Esse título lhe foi dado após a sua
queda da presença de Deus, e significa “adversário” (Zc 3.1; 1Pe 5.8).
Foi a partir do momento em que Lúcifer encheu-se de iniquidade e permitiu
que a presunção o dominasse que aconteceu a grande tragédia universal.
Ele imaginou-se poderoso o suficiente para competir ou mesmo superar o
trono de Deus. Lúcifer, então, se fez adversário e oponente constante e
implacável contra o Criador. Tornou-se, por isso, um arqui inimigo
de toda a criação viva de Deus.
b) Diabo (Mt
13.39; Jo 13.2 etc.). Este termo aparece apenas no Novo Testamento.
É uma transcrição do vocábulo grego diabolos que significa“caluniador,
acusador” (Ap 12.10). Essa característica ele demonstrou como uma das suas
tarefas mais terríveis e maléficas. Existe uma história onde o diabo
calunia e acusa um servo de Deus chamado Jó. Embora esse homem fosse
íntegro, o diabo apareceu diante do Senhor para acusá-lo (Jô 1.9-11).
Portanto, a Bíblia identifica o diabo como caluniador e acusador dos servos
de Deus. Como diabo, ele é o acusador dos irmãos (Ap 12.10).
Ele fala mal
de Deus para o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap 12.10. Como
pai da mentira, ele tenta acusar os servos do Senhor, como se Deus não
pudesse perceber as suas mentiras (Jo 8.44). Mas a Bíblia declara que
“temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).
c) Dragão
(Is 51.9; Ap 12.3,7 etc.). A palavra “dragão” (tannin) parece significar literalmente
“serpente” ou “monstro marinho”. O dragão é considerado como a
personalidade de Satanás, como o é de Faraó em Ez 29.3; 32.2. O dragão é um
animal marinho e pode apropriadamente representar a atividade de
Satanás nos mares do mundo.
d) A Antiga
serpente (Gn 3.1; Is 27.1 etc.). Este termo indica sua desonestidade
(Jó 26.13) e falsidade (2Co 11.3).
e) Belzebu
(Mt 10.25; 12.24,27), ou mais corretamente, Beelzebul, de acordo com a
palavra grega. Não se conhece o significado exato do termo. Em sírio,
significa “senhor do esterco”. É também sugerido que o termo significa “senhor da
casa”. Esse título tinha uma relação com um deus pagão de Ecrom, por
nome Baal-Zebub ou Baal-Zebul. No texto grego do Novo Testamento,
esse nome aparece como Belzebu, cuja atribuição dada pelos judeus do tempo
de Cristo era o de “príncipe dos demônios” (Mt 10.25; Mc 3.22). Como
os judeus usavam esse nome com um tom de escárnio, porque o
mesmo referia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nem qualquer
pudor, identificou Belzebu como Satanás (Lc 11.18,19; Mc 3.24- 27).
f) Belial ou
Beliar (2Co 6.15). Este termo é usado no Velho Testamento no sentido de
“indignidade” (2Sm 23.6). Assim, lemos a respeito dos “filhos de Belial” (Jz
20.13), os “homens de Belial” (1Sm 30.22), e dos “homens depravados”.
g) Lúcifer.
Esse nome não aparece literalmente em nossas versões bíblicas, é a forma
latina traduzido por Jerônimo na Vulgata. Na linguagem metafórica de Isaías
14.12, o nome Lúcifer aparece vinculado a expressão “filho da alva”. Os
babilônicos criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angélicos,
por isso, “um filho da alva” representava a primeira luz da manhã, e
Lúcifer, em seu primeiro estado possuía esta característica. Este termo
significa a estrela da manhã, um nome dado ao planeta Vênus. Significa
literalmente o que traz a luz, e é um nome usado para Satanás na passagem de
Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostrado como um anjo de luz.
h) Maligno
(Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.). Esta é uma descrição de seu caráter e sua obra.
j) Tentador
(Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc 1.13; Jo 13.2 etc.). Este nome indica seu
constante propósito e esforço para levar os homens ao pecado.
k) deus
deste século (2Co 4.4). Como tal, ele tem seus “ministros” (2Co 11.15),
“doutrinas”
(1Tm 4.1), “sacrifícios” (1Co 10.20), “sinagogas” (Ap 2.9). Ele
patrocina a
religião do homem natural e é, sem dúvida alguma, responsável
por todos os
falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em
dia.
l) Príncipe
da potestade do ar (Ef 2.2; 6.12). Como tal, ele é o líder dos anjos
maus (Mt
25.41; Ap 12.7) e o príncipe dos demônios (Mt 12.24; Ap
16.13,14).
Ele comanda uma vasta hoste de servos que executam suas
ordens, e
governa com poder despótico.
m) Príncipe
deste mundo (Jo 12.31; 14.30). Isto parece se referir a sua
influência
sobre os governos deste mundo. Jesus não disputou a
reivindicação
de algum tipo de direito aqui neste planeta feita por Satanás
em Mt 4.8,9.
Mas Deus é claro, estabeleceu limites definidos para ele, e
quando
chegar a hora, ele será subjugado pelo governo dAquele que tem o
direito de
governar, Jesus, nosso santo Senhor.
n) O
Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2). O Acusador dos filhos de Deus (Ap
12.10). O
Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co 11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da
mentira (Jo
8.44). 6.6.7. A atuação de Satanás
Em relação à
obra redentora de Cristo
O autor da
Epístola aos Hebreus (4.15) diz que Jesus foi tentado em tudo. Essa declaração
parece chocar-se com a lógica da Divindade, uma vez que é impossível
que Deus seja tentado ou submetido à tentação. Porém, devemos analisar
essa declaração sob a ótica cristológica que destaca as duas naturezas de Cristo, a
divina e a humana. Por que Jesus foi tentado pelo Diabo? John Broadus, em
seu comentário de Mateus, responde a essa questão da seguinte maneira:
“Ele daria, pela tentação, prova de sua verdadeira humanidade, de que possuía uma
alma humana; seria parte do seu exemplo a nós; faria parte de sua disciplina
pessoal; faria parte de sua preparação para ser um intercessor compassivo
(Hb 2.18; 4.15); era parte da grande batalha na qual ‘a semente da mulher
pisaria a cabeça da serpente’” (Gn 3.15).
Ao tentar
Jesus, o diabo queria convencê-lo a desistir ou a adiar sua missão. O tentador
sabia qual era a missão de Jesus, por isso, procurou criar-lhe situações embaraçosas,
tentando levá-lo a empregar meios contrários ao plano divino. Jesus,
contudo, não cedeu a nenhuma das insinuações satânicas. Ele não fraquejou,
nem tomou atalhos para cumprir sua missão. Do mesmo modo, somos tentados a
provocar a ira de Deus e a pecar contra a sua vontade soberana, mas devemos
resistir firmes na fé (Tg 4.7; 1Pe 5.8,9). É assim que
Satanás opera em nossos dias. Ele procura compelir-nos a galgar lugares e
posições fora de tempo, a tomar decisões precipitadas e, acima de tudo, a contrariar
a vontade de Deus. Ele usou várias pessoas para tentar boicotar a obra de
Cristo (Mt 2.16; Mt 16.23; Jo 8.44; Jo 13.27).
Em relação
às nações
“E o sexto
anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se,
para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, e da
boca da besta, e da boca do falso profeta vi saírem três espíritos imundos,
semelhantes a rãs, porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios;
os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a
batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso... E os congregaram no lugar que
em hebreu se chama Armagedom” (Ap 16.12-16). Esta será a penúltima
rebelião de Satanás contra Deus. Trata-se das nações do Oriente que, impulsionadas
por forças satânicas, participarão de um grande conflito, a saber, a guerra do
Armagedom (Ap 19.17-21). O sexto anjo prepara o caminho para a guerra final
da presente era, secando o rio Eufrates para deixar os exércitos do Oriente
aproximarem-se de Israel (Is 11.15).
O v.13 do
texto supra faz menção de espíritos imundos semelhantes a rãs que são demônios
operadores de milagres e, assim, enganam as nações para apoiarem o mal, o
pecado e o anticristo. Isso é um sinal evidente que durante a grande tribulação,
os governantes das nações ficarão endemoninhados. É dessa forma que
enganados por Satanás através de seus milagres, urdirão um plano louco que lançará o
mundo inteiro num grande holocausto que dar-se-á no local chamado Armagedom
(gr. harmagedon) (Ap 16.16). Esta região está localizada no centro-
norte da
Palestina e significa “vale do Megido” que será o ponto central da batalha, naquele
grande dia do Deus Todo-poderoso (Ap 16.14). Essa guerra será travada perto do fim
da tribulação, e acabará quando Cristo voltar para destruir os ímpios (Ap 14.19),
para libertar o seu povo e para inaugurar seu reino messiânico. Note os seguintes
fatos no tocante a esse evento: Os profetas do Antigo Testamento profetizaram
o evento (Dt 32.43; Jr 25.31; Jl 3.2,9-17; Sf 3.8; Zc 14.2-5); Satanás e os seus
demônios reunirão muitas nações sob a direção do anticristo a fim de guerrearem
contra Deus, contra seus exércitos, contra seu povo e para destruir Jerusalém
(Ap 16.13,14,16; 17.14; 19.14,19; Ez 38,39; Zc 14.2). Embora o ponto central
esteja na terra de Israel, o evento do Armagedom envolverá a totalidade do mundo (Jr
25.29-38); Cristo voltará e intervirá de modo sobrenatural, destruindo o anticristo e
os seus exércitos (Ap 19.19-21; Zc 14.1-5), e todos aqueles que desobedecem
ao evangelho (Sl 110.5; Is 66.15,16; 2Ts 1.7-10). Deus também enviará
destruição e terremotos sobre o mundo inteiro nesse período (Ap 16.18,19; Jr
25.29-33).
Após a
batalha do Armagedom Satanás será preso por um período de mil anos, contudo,
depois desse tempo será solto, onde por fim reunirá uma multidão incontável
de pessoas (Ap 20.9) e as comandará para a última batalha na tentativa insana de
derrotar a Deus. “E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma
grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente,
que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e
ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações...”
(Ap 20.3). “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e
sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e
Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E
subiram sobre ia largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade
amada; mas desceu fogo do céu e os devorou” (Ap 20.7-9). Como observamos
acima, no término do milênio, Satanás será solto e numa atitude desesperada
manipula, pela última vez, as nações, enganando-se a ponto de supor que
ainda poderá derrotar a Deus. Sairá a enganar aqueles que quiserem rebelar-se
contra o reino de Cristo, e ajuntará uma multidão de semelhantes rebeldes.
“Gogue e Magogue” (Ap 20.8). É desta
forma que Satanás trabalha incansavelmente. Atua cegando os entendimentos
(2Co 4.4); arrebatando a palavra dos corações (Lc 8.12); usando homens para
se oporem à obra de Deus (Ap 2.10). E para tanto mente (At 5.3); acusa e
difama (Ap 12.10); dificulta trabalho (1Ts 2.18); se vale de demônios (Ef 6.11-12);
semeia o joio entre os crentes (Mt 13.38-39); realiza perseguições contra os seus
oponentes (Ap 2.10) etc.
DEMONOLOGIA
A
demonologia é um estudo que vem despertando o interesse das pessoas neste final de
século. Idéias fictícias, invencionices mistificadas, teorias religiosas e filosóficas
e até alusões bíblicas desprovidas de interpretação correta têm invadido o mundo da
literatura secular. O cristão por sua vez não desconhece o fato de que Satanás na
sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos das
ordens inferiores (Ap 12.4) que são identificados (após sua queda) com os demônios
ou espíritos e que Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram
banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo a
vontade permissiva de Deus. Neste capítulo, teremos a oportunidade de conhecer
essa doutrina do ponto de vista da Bíblia, como única autoridade capaz de
revelar e esclarecer a realidade e a identidade dos demônios.
A doutrina
dos demônios
O termo
“demônio” aparece somente três vezes no Velho Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37;
Lv 17.7). No Novo Testamento, a palavra “demônio” (gr. daimon ou daimonion)
assumiu o sentido de malignidade, pois eles são seres espirituais, inteligentes,
impuros e com poder para afligir e contaminar os homens moral e espiritualmente.
O termo daimon ocorre em Mt 8.31; e daimoniodes apenas em Tg 3.15. Mas o
substantivo daimonion aparece 63 vezes, e o verbo daimonizomai, 13 vezes. No
grego clássico, os termos daimonion e daimon se referem a deuses
inferiores,
tanto bons como maus.
No texto de
Dt 32.17, o cântico de Moisés destaca que os israelitas caíram em idolatria:
“sacrifícios ofereceram aos demônios (shedhim)”. Entende-se então que o termo
shedhim se identifica não só com as imagens de idolatria, mas também relaciona o
termo com seres espirituais por detrás dos que adoram as imagens. O termo
seirim, etimologicamente significa “o peludo” ou “bode peludo”. O povo de Israel
repudiava esses animais porque eram considerados objetos de adoração (Lv 17.1-7).
Quem são os
Demônios
Alguns
teólogos entendem que os demônios e espíritos maus são diferentes dos anjos
caídos. Outros admitem que tanto anjos caídos, espíritos malignos e demônios são
apenas nomes diferentes para os mesmos seres. Antes de apresentarmos
o nosso ponto de vista exibiremos algumas teorias enganosas.
Teorias
falsas sobre os demônios
Essas
teorias apresentam idéias divergentes sobre a origem dos anjos caídos. Teóricos
utilizam textos bíblicos isolados para defenderem suas posições.
Os demônios
são espíritos sem corpos de habitantes de uma raça pré- adâmica Acreditam os
defensores dessa teoria que havia na terra uma raça pré-adâmica que se
constituía de criaturas físicas, as quais, pela rebelião de Lúcifer, sofreram a perda de
seus corpos materiais, tornando-se espíritos sem corpos, denominados “demônios”.
Esta ideia vai de encontro ao fato de que em parte alguma das Escrituras é
tal raça mencionada. Mas como a queda de Satanás, de seus anjos e dos demônios
deve ter acontecido entre Gn 1 e 2, não é improvável que, além dos anjos,
houvesse uma raça de seres espirituais que habitava na terra, sobre quem Satanás
dominava, e que também caiu quando ele caiu. Como castigo para ele, Deus
permitiu-lhes estar aí em um estado de desincorporação até que sejam confinados
ao Geena, quando do julgamento final de Satanás e suas hostes. Diversos
escritores modernos que escrevem sobre profecias aceitam este ponto de vista.
Esta idéia parece explicar melhor o fato dos demônios buscarem possuir seres
humanos. A destruição a que se refere 2Pe 3.5,6 poderia se referir a um julgamento
sobre uma tal raça pré-adâmica, através da qual a criação perfeita de Deus foi
transformada no caos de
Gn 1.2.
Satanás é um
anjo, e é chamado príncipe dos demônios (Mt 12.24), indicando que os demônios
são anjos e não uma raça pré-adâmica. Além disso, Satanás tem uma
hierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é razoável supor que estes sejam
demônios. Alguns demônios já estão presos (2Pe 2.4; Jd 6) e alguns estão à
solta, cumprindo ordens de Satanás. Alguns pensam que a razão para tal aprisionamento
é a participação daqueles demônios no pecado de Gn 6.1-4.
Na verdade,
essa teoria não consegue se definir, porque biblicamente, nunca existiu raça
alguma pré-adâmica que tivesse habitado neste planeta. Por essa razão, a
ideia de uma raça pré-adâmica é pura conjectura, sem nenhum apoio bíblico. Não
há nenhuma raça criada anterior à raça humana de Adão e Eva (Gn 1.26,27). A
única criação de seres vivos e inteligentes existente antes da criação da raça
humana eram os anjos, e estes nunca habitaram na terra como raça criada.
Os demônios
são seres gerados da relação de anjos com mulheres
antediluvianas
(Gn 6.1-4)
Não são
poucos os teólogos que apóiam as doutrinas das “testemunhas de Jeová”, ao
defenderem ser “os filhos de Deus” (Gn 6.2) anjos caídos que não guardaram o
seu estado original. Essa teoria defende uma intromissão angélica na esfera
humana e como resultado uma raça de gigantes perversos. Os
defensores dessa teoria interpretam que “as filhas dos homens” eram realmente da
descendência de Adão e Eva e que “os filhos de Deus” eram anjos que entraram
em conúbio com estas mulheres e produziram uma progênie espantosa de
filhos gigantes. Os que admitem essa teoria partem da ideia de que “os anjos”
são chamados “filhos de Deus” em algumas partes das Escrituras, mui especialmente
no Antigo Testamento. É fato que em algumas Escrituras encontramos
a expressão “filhos de Deus” para referir-se aos “anjos”, mas não podemos
omitir outro fato de que a mesma expressão “filhos de Deus” também se encontra em
outras escrituras referindo-se a “homens”. Isto só é possível perceber à luz do
contexto de cada escritura. Forçar uma interpretação contrariando o contexto,
tanto o imediato como o remoto, significa ferir a revelação divina de cada escritura. O
argumento aceitável, racional e bíblico, é que esses “filhos de Deus” eram
oriundos da linhagem piedosa de Sete e as “filhas dos homens” eram da linhagem
pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e canônico é que os anjos são seres
assexuados. Eles não possuem descendência, nem ascendência ou família.
Foram apenas
criados e, tantos quantos foram criados no princípio da criação, são tantos
quantos existem.
Os Demônios
são simples nomes dados a certas enfermidades
Com o
aparecimento das ideias dos atuais grupos da Confissão Positiva e da Teologia da
Prosperidade nos meios pentecostais, essa teoria tem se espalhado como se
fosse planta daninha entre o povo de Deus. Crêem e ensinam que as doenças, de
um modo geral, são “espíritos maus” ou “demônios” que precisam ser expelidos.
Essa teoria atribui certas desordens naturais a atividade dos maus espíritos.
Ao nomear as doenças como espíritos maus ou demônios, mesmo aquelas
doenças de causas naturais, estão tratando os espíritos ou demônios como se eles
não tivessem existência real. Devemos ter cuidado em separar as causas dos
seus efeitos. Nem todas as enfermidades são causadas por demônios, e nem todas
podem ser atribuídas aos demônios. Há doenças de causas naturais como
conseqüência da herança pecaminosa que todo ser humano herda, e há doenças
causadas por demônios. Não podemos tratar as doenças como demônios,
pois dessa forma todo crente quando fica enfermo estaria endemoninhado,
o que é um absurdo. Não podemos, também, tratar os demônios como se não
tivessem existência real. Os demônios não são coisas, nem meras idéias, nem
doenças. Eles são seres pessoais e espirituais que podem causar grandes
danos às pessoas. Lucas conta que uma certa mulher esteve presa por um espírito
de enfermidade por 18 anos e Jesus a libertou daquele jugo. O texto bíblico diz
literalmente que aquela mulher estava possessa de um “espírito de enfermidade”
(Lc 13.11), isto é, entende-se que um espírito maligno
aprisionava
aquela mulher com uma enfermidade, mas esta não era um espírito ou demônio.
Aquele espírito provocou naquela mulher a enfermidade que a fizera sofrer por
longo tempo.
Os demônios
são os espíritos de homens malvados que já estão mortos
Outra
tremenda aberração! Não há nenhum apoio bíblico para esta idéia. Essa teoria foi
se desenvolvendo através dos séculos e, em pleno final do século 20, torna-se
generalizada. Porém, a Bíblia refuta veementemente esse falso conceito. Os demônios
são apenas “anjos caídos” e são eles que promovem todo o engano e confusão
na mente humana. Os mortos continuam mortos e seus espíritos não andam
vagando por aí a perturbar a paz das pessoas.
O que a
Bíblia afirma ser os demônios
O Novo
Testamento menciona muitas vezes pessoas sofrendo de opressão ou influência
maligna de Satanás, devido a um espírito maligno que neles habita; menciona
também o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho segundo Marcos, por
exemplo, descreve muitos desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20;
6.7, 13; 7.25-30; 9.17-29; 16.17.
Os demônios
são seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás,
inimigos de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos
e estão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10 nota).
Os demônios
são a força motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos
deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo Testamento
mostra que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás
(Jo 12.31;
2Co 4.4; Ef 6.10-12).
Os demônios
são parte das potestades malignas; o cristão tem de lutar continuamente
contra eles (Ef 6.12). Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos,
e, constantemente, o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18) e falam
através das vozes dessas pessoas. Escravizam tais indivíduos e os induzem à
iniquidade, à imoralidade e à destruição.
Os demônios
podem causar doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc
13.11,16), embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos
maus (Mt 4.24; Lc 5.12,13). Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia
(isto é, feitiçaria) estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente leva à
possessão demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).
Os espíritos
malignos estarão grandemente ativos nos últimos dias desta era, na difusão do
ocultismo, imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra de Deus e a sã
doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O maior surto de atividade
demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8;
16.13,14).
Jesus e os
demônios
Nos seus
milagres, Jesus freqüentemente ataca o poder de Satanás e o demonismo
(Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; Lc 13.11,12,16). Um dos seus
propósitos ao vir à terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc
1.27; Lc 4.18).
Jesus
derrotou Satanás, em parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da
sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Destemodo, Ele
aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus. O inferno
(gr. Gehenna), o lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios -
anjos (Mt 8.29; 25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47;
Mt 10.28; 18.9.
O crente e
os demônios
As
Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito Santo, pode
ficar endemoninhado; isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no
mesmo corpo (2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar
os pensamentos, emoções e atos dos crentes que não obedecem aos ditames do
Espírito Santo (Mt 16.23; 2Co 11.3,14).
Jesus
prometeu aos genuínos crentes autoridade sobre o poder de Satanás e das suas hostes.
Ao nos depararmos com eles, devemos aniquilar o poder que querem
exercer sobre nós e sobre outras pessoas, confrontando-os sem trégua pelo poder
do Espírito Santo (Lc 4.14-19). Desta maneira, podemos nos livrar dos poderes das
trevas.
Segundo a
parábola em Mc 3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três aspectos:
declarar guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.14- 19); ir onde
Satanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e vencê-lo
pela oração e pela proclamação da Palavra, e destruir suas armas de engano e
tentação demoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se de bens ou posses, isto é,
libertando os cativos do inimigo e entregando-os a Deus para que recebam perdão e
santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22; At 26.18).
Seguem-se os
passos que cada um deve observar nesta luta contra o mal:
Reconhecer
que não estamos num conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças
espirituais do mal (Ef 6.12); viver diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à
sua verdade e justiça (Rm 12.1,2; Ef 6.14); Crer que o poder de Satanás pode
ser aniquilado seja onde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8) e
reconhecer que o crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a
destruição das fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5); proclamar o evangelho do reino, na
plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At 1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16; Ef
6.15); confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de Jesus (At
16.16-18), ao usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef
6.18), ao jejuar (Mt 6.16; Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt 10.1; 12.28;
17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar, principalmente,
para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao pecado, à
justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.7-11); orar, com desejo sincero, pelas manifestações
do Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres e
de
maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).
A natureza
espiritual, intelectual e moral dos demônios
Eles possuem
uma natureza intelectual, até mesmo porque na etimologia da palavra daimon o
sentido é conhecimento, inteligência. Portanto, os demônios não são coisas
impensantes, mas conhecem a Jesus e até falam dele como “o filho do Altíssimo”
(Mc 5.6,7). Tiago escreveu que os demônios crêem e estremecem (Tg 2.19).
Quanto à natureza moral dos demônios é inegável que eles se corromperam indo após
Lúcifer, praticando toda a sorte de perversão e depravação espiritual. Por isso, eles
são chamados “espíritos imundos” (Mt 10.1; Mc 1.27; 3.11; Lc 4.36; At 8.7, Ap 16.13).
Eles usam as pessoas, possuindo suas mentes ou influenciando-as por outros meios
a fim de que elas se tornem “instrumentos de iniquidade” (Rm 6.13).
Na rebelião
promovida por Lúcifer, este arrastou consigo uma grande multidão de seres
angelicais (Mt 25.41; Ap 12.4). Depois, ele organizou sua própria corte com os anjos que o
seguiram, distinguindo-os em “principados, potestades e dominadores das trevas e
hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Os anjos que trocaram a sua habitação
pela oferta do rebelde Lúcifer, foram banidos da presença de Deus e seguiram a
liderança de Lúcifer. E, assim, passaram a ser identificados como “anjos caídos”.
Lugar atual
e destino final dos demônios
a) Satanás
na sua rebelião inicial contra Deus (Mt 4.10) sublevou uma terça parte dos anjos
(Ap 12.4). A maioria deles está solta sob o domínio e controle de Satanás (Mt
12.24; ]25.41; Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamente organizados
do diabo (Ef 6.11,12) que equivalem aos demônios referidos na Bíblia;
b) Outros
desses estão algemados no poço do abismo (2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na
Grande Tribulação. “E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que
do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço
do abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande
fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar” (Ap 9.1,2).
Nesse texto encontramos a estrela que cai do céu que é provavelmente
um anjo que executa o julgamento divino e o poço do abismo que é o lugar
onde estão aprisionados os demônios que não guardaram o seu principado e
ali foram encerrados até que Che o tempo de serem soltos (Ap 11.7; 17.8;
20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Do poço do abismo saem gafanhotos
que representam um vultoso número de demônios e também intensa
atividade demoníaca na terra, perto do fim da história.
c)
finalmente todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do
lago de fogo. “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda:
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos” (Mt 25.41).